Rússia bane imagem que sugere homossexualidade de Putin

Fotografia alterada do Presidente russo foi proibida por insinuar "uma orientação sexual fora do padrão".

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Manifestantes usam máscara com imagem alterada de Putin em protesto de 2004 Neil Hall/Reuters

Os críticos do Presidente russo, Vladimir Putin, há muito que o satirizaram com fotografias alteradas que circulam na Internet, muitas das quais ridicularizam do look macho com que é muitas vezes fotografado. Mas publicar uma imagem retocada do rosto de Putin, com maquilhagem sugerindo que ele é gay, pode agora ter sérias consequências.

A Rússia baniu oficialmente a fotografia alterada que mostra o seu Presidente maquilhado de forma carregada e com cores vibrantes, com o argumento de que sugere "uma orientação sexual fora do padrão, de forma a insinuar que ele é homossexual", noticia esta quinta-feira Radio Free Europe, vocacionada para a Europa de Leste e o Médio Oriente.

O ministro russo da Justiça incluiu, a 30 de Março, aquela imagem na lista federal de “materiais extremistas”, baseando-se numa decisão de Maio do ano passado de um tribunal da cidade de Tver. A decisão decorreu de um processo criminal contra Aleksandr Tsvetkov, que foi acusado de alimentar o discurso de ódio por colocar a fotografia de Putin com maquilhagem na popular rede social russa Vkontakte.

Tsvektov foi também acusado de estar ligado a outras imagens, incluindo algumas assumidamente racistas e anti-imigrantes, publicadas através da sua conta, que entretanto foi suspensa. Mas nem a decisão de Tver nem o ministro da Justiça especificam se a imagem de Putin maquilhado foi partilhada online por este indivíduo.

Como observado pelo site russo TJ Journal, o primeira órgão de informação a sinalizar a designação do Ministério da Justiça, inúmeras imagens de Putin circulam na Internet há anos. Algumas mostram-no ao lado do primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, igualmente com o rosto pintado.

A imagem banida apresentava uma pessoa "semelhante a" Putin "com maquilhagem no rosto, lábios e pestanas pintados, que, como previsto pelo autor deve servir como indicação para a alegada orientação sexual não padrão do presidente da Federação Russa", disse o Ministério da Justiça na sua decisão, repetindo a linguagem do tribunal de Tver.

As autoridades russas passaram a perseguir o que chamam de material "extremista" online nos últimos anos, de acordo com defensores de direitos humanos e activistas que monitorizam casos de discurso de ódio. Os críticos da repressão afirmam que ela visa não apenas o discurso de ódio racista, mas também o discurso político legítimo que é protegido pela Constituição.

Putin também foi denunciado por assinar leis homofóbicas, incluindo uma publicada em 2013 que proíbe a propagação de "propaganda de relações sexuais não-tradicionais" com menores, que gerou um boicote internacional aos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi.

Putin diz que a legislação, conhecida como lei de "propaganda gay", tem como objectivo proteger as crianças, mas não infringe os direitos LGBT. No entanto, os defensores de direitos dizem que a lei reforçou um senso de impunidade entre os grupos de direita que executam actos de violência contra pessoas LGBT.

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