Associação de Futebol do Porto "lamenta e repudia" agressão de jogador do Canelas
A associação desportiva emitiu um comunicado onde condena a violência e apela à erradicação de episódios como o de domingo.
A Associação de Futebol do Porto garantiu que “envidará todos os esforços ao seu alcance para que os actos de violência sejam erradicados do futebol português e que o fair play não seja expressão vã”, num comunicado em que "lamenta e repudia, de forma veemente, a agressão de que o árbitro José Rodrigues foi vítima" no encontro entre o Rio Tinto e o Canelas 2010, que se realizou este domingo.
José Rodrigues foi agredido com violência por Marco Gonçalves, jogador do Canelas 2010. O episódio aconteceu depois de o árbitro ter mostrado o cartão vermelho devido a uma outra agressão a um adversário. A polícia entrou em campo para serenar os ânimos e acompanhou o jogador na saída do campo. O árbitro foi transportado para o hospital e o jogo foi cancelado. A violência da agressão foi tal que o árbitro fracturou o nariz e vai ter de efectuar uma “operação correctiva”, contou esta segunda-feira o secretário-geral da Associação de Futebol do Porto (AFP), Domingos Santos, em declarações ao jornal Expresso.
A declaração do funcionário da Associação de Futebol do Porto soma-se assim ao comunicado da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), emitido ainda durante o domingo. No documento, a FPF garante que "agirá para que este e todos os actos que atentem contra o desporto e a sua essência — como, infelizmente, já aconteceu esta época — sejam punidos de forma exemplar e dissuasora".
Já a Associação de Futebol do Porto sublinha que, “durante a semana que antecedeu o jogo”, desenvolveu “todas as diligências pertinentes e necessárias, designadamente contactando as forças policiais, nomeando árbitros do quadro nacional e delegados específicos para que o encontro se desenrolasse sem incidentes”, o que “infelizmente não aconteceu”.
O jogador responsável pela agressão foi ouvido esta segunda-feira por um procurador no Tribunal de Gondomar, numa sessão à porta fechada e terá sido constituído arguido, mas aguardará julgamento em liberdade, escreve o Jornal de Notícias.
Numa carta assinada pelo presidente da direcção da AFP, José Lourenço Pinto, a associação desportiva esclarece ainda que contactou, “logo após a verificação dos factos”, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, o Conselho de Arbitragem da FPF e a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), “disponibilizando-se para prestar todos os esclarecimentos e desenvolvimentos que acerca deste caso venham a recair”.
A entidade acrescenta que “aguarda a remessa dos relatórios elaborados pela autoridade policial, árbitros e delegados ao jogo”, para que estes sejam submetidos ao Conselho de Disciplina.
No comunicado, a AFP louva o trabalho das forças de segurança policial, que “foram inexcedíveis no apoio prestado a todos os intervenientes e enaltece a dedicação, esforço e serenidade com que a equipa de arbitragem enfrentou tão grave adversidade, honrando o bom nome da classe que integra”.
"O que aconteceu é vergonhoso para o futebol e não pode voltar a acontecer. As instâncias têm que pôr mão nisto de alguma forma. Estas situações estão a passar o âmbito desportivo e têm que terminar. Porque corremos o risco que um dia apareça um árbitro morto num qualquer relvado", considerou Luciano Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), em declarações à Lusa, ainda no domingo.
Também no domingo, o presidente do Canelas 2010, Bruno Canastro, garantiu, através de um comunicado na página do clube no Facebook, que o jogador será definitivamente afastado do clube.
"O clube condena a atitude irreflectida do seu atleta Marco Gonçalves e não se revê neste tipo de comportamentos. Esta atitude foi um acto totalmente isolado que o nosso capitão, Fernando Madureira, tudo fez para evitar e saiu de imediato em defesa do árbitro. Face aos acontecimentos, o atleta Marco Gonçalves nunca mais vestirá a camisola do CF Canelas 2010".