Exílio
Magnum Photos by Canon
Em momentos como o da crise actual de refugiados na Europa, tendemos a olhar para a História na tentativa de encontrar respostas. Se procurarmos algo relacionado com a iconografia das deslocações de pessoas nas últimas décadas é inevitável tropeçar nas fotografias da Magnum. Essa presença é de tal maneira constante que há quem diga que a cooperativa não deve ser vista “apenas” como uma agência de fotografia, mas como a “consciência visual colectiva do mundo”. Exílio (Espaço Linha Norte, até 4 de Maio) junta 22 fotógrafos para um mosaico de quase 70 anos de migrações e deslocamentos de pessoas.
Lugares de Silêncio
Bruno Simões Castanheira
Há um Portugal a desaparecer sem que tenhamos feito muito para deixar memória futura — é o Portugal da ruralidade que carrega uma maneira de ocupar o espaço e de se relacionar com a natureza. No ano passado, Bruno Simões Castanheira galgou o Parque Nacional da Peneda-Gerês em busca de sinais dessa relação milenar entre Homem e natureza. Encontrou poucas pessoas, muros e socalcos, espigueiros, fojos de lobos, abrigos de pastor e alminhas. O ensaio que resultou revela uma paisagem exuberante, ambientes lúgubres, isolamento e muitos “lugares de silêncio” (Antigos Paços do Concelho, até 26 de Abril).
Regresso a Casa
David Guttenfelder
Antes de sair dos EUA, Guttenfelder nunca tinha passado do Iowa, não tinha passaporte e nunca tinha visto o mar. No início dos 90, na casa dos 20 anos, tinha “fome” de mundo. Quando viajou para a Tanzânia planeava ficar “uns meses”. Ficou sete anos. Tornou-se repórter e foi um dos primeiros a perceber que as câmaras dos telefones também servem para fazer trabalho profissional. É uma “celebridade” no Instagram. Na Coreia do Norte foi dos poucos a conseguir captar o dia-a-dia. Há dois anos, voltou para os EUA, onde tenta redescobrir o seu país. Em Regresso a Casa (Paços do Concelho, até 4 de Maio) mistura o trabalho da Coreia com novas imagens nos EUA.
Caminhos de Esperança e Desespero
Yannis Behrakis
Ao mesmo tempo que mostram o desamparo, a exaustão e o desespero, as fotografias de Yannis Behrakis, repórter grego da agência Reuters, parecem sempre mais perto da humanidade e da esperança. Reconhecido em 2016 com um Pulitzer, já viu o pior, mas é o melhor que gosta de sublinhar: “Choro e tenho pesadelos, mas vejo sempre a esperança, como na minha fotografia de um refugiado sírio a beijar a filha no meio de uma tempestade, enquanto caminha na direcção da fronteira da Grécia com a Macedónia. Homens como ele são super-heróis.” A exposição Caminhos de Esperança e Desespero pode ser vista no Museu do Traje, até 4 de Maio.
Bravio
Paulo Alegria
Tendemos a esquecer-nos que um dos nossos vizinhos, a natureza, existe em todo lado e que, sempre que tem oportunidade, reclama o seu espaço e mostra a sua força. Em Bravio (espaço Dínamo 10), Paulo Alegria, antigo bolseiro do Prémio Estação Imagem, mostra-nos como a natureza não se deixa vencer, e como a cidade e as construções humanas estarão sempre à mercê da sua persistência e, por vezes, da sua violência. Uma selecção de dez fotografias, quase sempre com uma impositiva paleta de tons de verde em primeiro plano, revela-nos também a forma mais ou menos atabalhoada como temos tentado afastar o natural da construção urbana.