Utentes e trabalhadores do metro contra “redução injusta” de oferta na Amadora

Trabalhadores e sindicatos dizem que a empresa “pode facilmente ser acusada de defraudar as legítimas expectativas” dos utentes porque “estes continuam a pagar o mesmo e vêem o serviço ser reduzido drasticamente”.

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Nuno Ferreira Santos

A partir desta segunda-feira e até 16 de Julho, quem circular na linha azul do metro de Lisboa entre as 7h30 e as 10h tem que estar atento: em vez de terminar/iniciar marcha na estação da Reboleira, o metro vai circular, de forma alternada, entre Santa Apolónia-Pontinha e Santa Apolónia-Reboleira. Uma decisão da administração do Metropolitano de Lisboa que reúne a oposição da comissão de utentes, trabalhadores e sindicatos do sector. Encaram o modelo alternado com uma “redução injusta da oferta do serviço público”.

“Com este horário, degradamos o nosso serviço e a nossa imagem, enquanto empresa e enquanto operador de transportes”, lê-se num parecer negativo sobre os novos horários, assinado pela comissão de trabalhadores, Sindicato dos Trabalhadores da Tracção do Metropolitano de Lisboa (STTM), Sindicato da Manutenção do Metropolitano (SINDEM), Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários e Afins (SITRA) e Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP).

A administração sustentou que a alteração à circulação se deve à “recuperação progressiva dos níveis de eficiência e da qualidade” do serviço, enquadrada no plano em curso de recuperação da manutenção dos comboios. Uma justificação que trabalhadores e sindicatos questionam: a empresa anunciou que seria retirado um comboio por mês de circulação para ser reabilitado. “Se essa justificação tivesse correspondência com a realidade, então a empresa, em função do plano de recuperação intensivo que está a aplicar, (…), deveria indicar que este horário só seria aplicado no mês de Março”.

No entender dos trabalhadores e sindicatos, a empresa “pode facilmente ser acusada de defraudar as legítimas expectativas” dos utentes porque “estes continuam a pagar o mesmo valor pelo título de transporte, calculado e aplicado em função da oferta hoje em vigor e, sem nenhuma alteração tarifária, vêem esse serviço ser reduzido drasticamente”. Referem-se a quem usa as estações da Reboleira, Amadora-Este e Alfornelos – estações que vão receber metade das viaturas enquanto o modelo de alternância estiver em vigor. Nas palavras de Paulo Machado, dirigente sindical do STRUP, “estas pessoas pagam mais por menos. Ainda por cima em hora de ponta”.

Para a Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa trata-se de uma “clara discriminação” dos utentes da Amadora. “Continua a haver utentes de primeira e utentes de segunda. Quem é da Amadora já ficou de fora dos descontos para crianças até aos 12 anos e pessoas com mais de 65. E agora vêem esta redução na oferta”, disse ao PÚBLICO a porta-voz Cecília Sales.

Trabalhadores e sindicatos afirmam ainda que, com o novo horário da manhã, a empresa vai colocar 13 comboios na Linha Azul, em vez dos 14 comboios previstos actualmente. Contudo verificaram na semana passada que já só 13 comboios estavam a circular, fazendo o percurso completo (Santa Apolónia-Reboleira). “Ou seja, com o mesmo número de comboios que a empresa pretende ter com o novo horário, hoje realiza esse mesmo serviço sem aplicar os denominados serviços curtos, provando não ser de modo nenhum necessária a aplicação dessa degradação do serviço aos utentes”, lê-se no parecer.

Entendem que esta política é contrária à vontade de “ganhar utentes para os transportes públicos” e lembram que a estação de metro da Reboleira foi inaugurada em Abril do ano passado.

Os trabalhadores levantam ainda dúvidas relativamente à logística e aspectos técnicos relativos à inversão de marcha quando a viagem termina na Pontinha – não receberam o parecer técnico relativo ao “resguardo que não é usado há muitos anos” onde a manobra vai ser feita. Denunciam ainda que os novos horários não têm em conta os tempos para preparação dos comboios e o tempo de tolerância entre a entrada ou reentrada ao serviço do trabalhador. O que pode originar atrasos ou supressões, dizem.

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