Mubarak, o novo “faraó” do Egipto, foi libertado

O ex-Presidente estava preso desde 2011, quando foi deposto na sequência das “Primavera Árabes”.

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Mubarak em 2016 Mohamed Abd El Ghany/REUTERS

O antigo Presidente egípcio Hosni Mubarak, deposto em 2011, foi libertado esta sexta-feira e está na sua casa em Helipolis, disse o seu advogado à agência Reuters. O ex-chefe de Estado, de 88 anos, abandonou do hospital militar Maadi, onde estava em detenção. 

Mubarak foi o primeiro líder deposto na chamada Primavera Árabe a enfrentar a justiça, numa série de processos, alguns dos quais invalidados. Governou o Egipto de forma autocrática durante quase 30 anos, e estava a cumprir uma pena de três anos de prisão domiciliária por corrupção. Foi preso em 2011, dois meses depois de ter abandonado o poder, culminando uma revolta popular de 18 dias contra este faraó dos tempos modernos, que chocou e captou a atenção do mundo.

Em 2014, um tribunal decidiu que não teria de responder pela morte de manifestantes durante a revolução de 2011 – decisão confirmada no início deste mês por um tribunal superior. O antigo Presidente foi também ilibado num outro caso em que estava acusado de ter recebido subornos num negócio de exportação de gás a Israel.

Depois de uma primeira sentença de prisão perpétua ter sido anulada com base num erro técnico, o tribunal criminal do Cairo que foi encarregado da repetição do julgamento desses processos concluiu pela “inadmissibilidade” das queixas e ordenou o seu arquivamento.

Mas, em Maio de 2015, Mubarak foi condenado a três anos de prisão por corrupção e os seus dois filhos a quatro anos cada – Gamal, em tempos apontado como provável sucessor do pai, e Alaa, figura de proa entre a elite empresarial do antigo regime egípcio, foram detidos logo após a revolução de 2011.

Ainda em 2015, um tribunal do Cairo ordenou a libertação dos dois filhos de Mubarak, concluindo que o tempo que passaram na prisão superava a única pena a que foram condenados. Esta semana será a vez de Hosni Mubarak, de 88 anos.

A antiga classe dirigente tem sido poupada pela justiça desde o golpe de Estado de 2014, liderado pelo antigo general Abdel Fattah al-Sissi, que depôs o Presidente Mohamed Morsi, da Irmandandade Muçulmana, democraticamente eleito mas que seguiu uma política que dividiu a sociedade. Hoje Sissi é Presidente, a Irmandade foi proibida e considerada uma organização terrorista no Egipto, Morsi foi condenado à morte em 2015, muitos dos rostos da revolta de 2011 foram presos ou tiveram de fugir do país e Mubarak acabou por ser libertado. 

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