O “novo” Alfa Pendular: "não trocava isto pelo avião"

Projecto de remodelação de composições envolveu os clientes e potenciais clientes da CP que foram ouvidos sobre as várias propostas.

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Enric Vives-Rubio
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Não passa despercebida a nova composição que dá entrada na estação do Entroncamento, acabadinha de sair das oficinas, e que é imediatamente fotografada por ferroviária e passageiros que, na plataforma, esperam outros comboios.

O cinzento e o branco são os tons que agora ficarão associadas ao Alfa Pendular, até hoje conhecido pela sua cor vermelha. “Entendemos que hoje em dia as pessoas associam a um comboio de velocidade alta – que não de alta velocidade! – a ideia de algo sofisticado, credível e tecnológico”, diz Rui Marcelino, da Alma Design, a empresa a quem a CP pediu para mudar a imagem do comboio.

Já no seu interior a ênfase foi dada ao conforto, procurando-se que as pessoas percepcionem o espaço como mais amplo e leve. As cores ajudam. Por exemplo, na classe turística o tom azul é de inspiração náutica e está associada aos iates de luxo, enquanto na classe conforto se apostou num verde claro, “leve e fresco”, associado às cores das Beiras prossegue Rui Marcelino, ele próprio um utilizador assíduo do Alfa Pendular nas suas deslocações profissionais entre Lisboa e Porto.

“Não trocava isto pelo avião. Aqui aproveito para trabalhar e rentabilizo muito mais o meu tempo”, conta.

Sensível a esta questão, a CP aproveitou para reforçar a rede de wi-fi de Internet. As seis carruagens do Alfa Pendular terão agora 12 antenas e seis routers, geridos por um computador que faz a gestão da rede de acordo com o número de utilizadores em cada carruagem. Cristóvão Leal, engenheiro da EMEF, empresa da CP responsável pela manutenção e reparação da sua frota, espera que agora haja menos reclamações dos passageiros, mas lamenta que os operadores de telecomunicações se tenham preocupado mais em reforçar “o sinal” ao longo das auto-estradas do que na rede ferroviária.

Os velhos monitores instalados nas carruagens foram substituídos por écrans LCD de 19 polegadas, com ganhos na qualidade da imagem e todo o espaço é agora iluminado com lâmpadas LED.

A maior revolução foi nos assentos do pendular que são agora em pele natural, fornecidos pela empresa portuguesa Couro Azul que também trabalha com o mercado da aviação.

“Têm maior durabilidade e robustez, e são muito mais fáceis de limpar do que os assentos em tecido”, explica Cristóvão Leal.

Por fim, na viagem pelo interior, o próprio bar e as casas de banho foram também remodeladas, sendo que nestas últimas se destaca uma iluminação indirecta com um tom arroxeado que parece ter saído de um filme de ficção científica.

Mas o mais importante desta revisão dos pendulares – que representou para a CP um investimento de 18 milhões de euros - é o que é menos visível para os passageiros e que esteve na base desta operação: a composição foi toda desmontada e depois “reconstruída” por forma a fazê-la durar mais 20 anos.

“Os motores foram alvo de uma revisão geral para lhes prolongar a vida”, explica o técnico da EMEF. “É quase como se os tivéssemos posto com zero quilómetros”.

Filipa Ribeiro, do Marketing da CP, destaca que esta operação envolveu os clientes e potenciais clientes empresa, que foram convidados, através de inquéritos, a opinar sobre as diversas propostas de remodelação em estudo “tendo esta merecido claramente a preferência de quase todos”.

Nos próximos dois anos os passageiros frequentes do Alfa Pendular vão ter de coexistir com os dois tipos de comboios: os “novos” e os “velhos”. Da frota de dez composições, a CP espera remodelar mais duas ainda este ano, seguindo-se mais quatro em 2018 e mais duas em 2019.

A primeira demorou 167 dias a remodelar, mas a EMEF estima que, quando esta operação estiver em velocidade de cruzeiro, bastem 64 dias para recolocar ao serviço um Alfa Pendular como novo.

Concluídas as remodelações nas oficinas, há ainda lugar a viagens de ensaio. A que o PÚBLICO acompanhou na passada quarta-feira, dia 23 de Março, realizou-se entre o Entroncamento e Pombal. Jornalistas e ferroviários foram os “passageiros” desta viagem de testes, visível pela quantidade de cabos que saíam dos sistemas vitais do comboio, ligados a computadores portáteis que os técnicos da EMEF vigiavam. Sem grandes perturbações, eram detectados erros que logo eram corrigidos ou reportados para reparação em oficina.

Hoje, sexta-feira, foi esta mesma composição que foi apresentada ao público em Santa Apolónia num evento que contou com a presença do ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.

À tarde este mesmo comboio é já colocado ao serviço. Às 16h00 parte para Braga na primeira viagem comercial da sua nova vida. 

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