Juncker acredita que Dijsselbloem não sente "aquilo que parece ter dito"

O presidente da Comissão Europeia foi questionado sobre a polémica durante a conferência de imprensa conjunta com Marcelo Rebelo de Sousa.

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O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker Reuters/LAURENT DUBRULE

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse esta quarta-feira acreditar que "aquilo que o senhor Dijsselbloem parece ter dito" sobre os países do sul da Europa "não reflecte o que ele pensa no fundo".

"Relativamente às declarações que o presidente do Eurogrupo fez, e tendo em conta que o primeiro-ministro português, o meu amigo António [Costa], acaba de nos convidar a pedir ao senhor Dijsselbloem que se demita, gostaria de dizer numa frase que acredito que aquilo que o senhor Dijsselbloem parece ter dito não reflecte o que ele pensa no fundo", declarou.

Numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, antes de um encontro bilateral e um jantar de trabalho na sede da Comissão Europeia, em Bruxelas, Juncker, ao ser questionado sobre as polémicas declarações do presidente do Eurogrupo, que levaram o Governo português a pedir o seu afastamento do cargo, preferiu sublinhar o respeito e amizade que sente pelos países do sul, e Portugal em concreto.

"E quanto aos países do sul, e nomeadamente o meu querido Portugal, ao longo dos anos, enquanto presidente do Eurogrupo e presidente da Comissão, sempre testemunhei em relação a Portugal uma amizade que é inabalável", disse.

Por seu turno, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou, em francês, os sacrifícios feitos pelos portugueses, que ultrapassaram uma crise difícil, tendo tido de percorrer um longo caminho para afirmar o controlo das finanças públicas, para criar as condições para o equilíbrio externo, para um novo crescimento económico e social.

"Isto quer dizer que cada dia os portugueses mostram que são pró-europeus. Porque não se mostra só por palavras, também com factos. E o facto é a luta dos portugueses para afirmar o seu lugar numa Europa que seja um exemplo de união, de coesão, de fraternidade, de paz e de justiça", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, que de manhã já afirmara que subscrevia a posição do Governo português na condenação às declarações de Dijsselbloem.

O chefe de Estado não poupou elogios ao presidente do executivo comunitário, apontando que Juncker mantém as mesmas qualidades de sempre: "inteligência, lucidez, sentimento europeu, capacidade de reflexão e compreensão dos problemas dos europeus, capacidade de não esquecer o passado, compreender o presente e sobretudo preparar o futuro".

A visita oficial do Presidente da República a Bruxelas coincide com o primeiro aniversário dos ataques terroristas que atingiram a capital belga e da UE em 22 de Março de 2016, e tem lugar três dias antes da cimeira de Roma de celebração dos 60 anos dos Tratados assinados na capital italiana, fundadores da União, factos sublinhados por Marcelo Rebelo de Sousa.

"O dia de hoje é muito especial porque, por um lado, evocamos aqueles que foram vítimas de um atentado contra a Europa, contra a liberdade e contra a democracia. Mas ao mesmo tempo é um bom momento para pensar no futuro. Não estamos longe da celebração dos 60 anos do que é hoje a UE. E 60 anos é uma idade avançada, mas não podemos envelhecer. A UE não pode envelhecer, deve ser jovem para fazer face aos desafios", declarou.

Depois das reuniões com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, de manhã, e com o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, à tarde, Marcelo Rebelo de Sousa encerra esta quarta-feira à noite no edifício Berlaymont, sede da Comissão, o seu "périplo" pelas três grandes instituições da União Europeia, com um encontro a sós com Juncker seguido de um jantar oferecido pelo presidente do executivo comunitário e no qual participarão vários membros do colégio.