Alto da Ajuda vai ser uma das frentes de batalha contra as cheias em Lisboa

Terminadas as obras no parque urbano do Rio Seco, no Alto da Ajuda, Câmara de Lisboa está a terminar o projecto de criação de uma bacia que vai reter as águas das chuvas para travar cheias nas zonas baixas da Ajuda, Belém e Alcântara.

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Estão concluídas as obras do Parque Urbano do Rio Seco, no Alto da Ajuda, em Lisboa, no vale situado entre a Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa e o bairro camarário 2 de Maio. O fim destas obras e a criação da Bacia de Retenção do Alto da Ajuda vão permitir ligar, através de espaços verdes, o Parque Florestal de Monsanto à Rua Eduardo Bairrada.

Na manhã desta terça-feira, autarcas, arquitectos e engenheiros juntaram-se a convite da Câmara de Lisboa para ver o final da última fase de obras no parque, iniciada no Verão de 2015. “Quem o viu e quem o vê”, é a impressão geral. “Ninguém podia passear aqui. Era uma lixeira, um matagal”, lembrou o vereador da Estrutura Verde e Energia, José Sá Fernandes. O local serviu durante anos como depósito de candeeiros velhos da cidade e lixo dos moradores. Mas ali também subsistiam ainda pombais, cavalos e pequenas hortas dos moradores. Hoje há um pombal e um picadeiro, assim como 19 talhões com hortas.

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Hortas comunitárias estão divididas em 19 talhões Daniel Rocha

As três últimas fases do Parque Urbano do Rio Seco saíram de projectos vencedores do Orçamento Participativo de Lisboa: a segunda fase em 2008, a terceira e quarta fases em 2010 e 2011. As obras desta última, iniciadas em 2015 e dadas agora como terminadas, foram, no entanto, pagas pela EDP, ao abrigo do protocolo que lhe atribuiu 480 mil euros, e não pelo orçamento camarário onde tinham sido inscritas com 800 mil euros do Orçamento Participativo. O dinheiro que autarquia destinara para o projecto vencedor foi canalizado para o projecto de requalificação do espaço público do bairro contíguo ao parque, o 2 de Maio.

Em todo o parque, foram plantadas cerca de mil árvores e cinco mil arbustos. Há espaços de relva, caminhos e zonas de merendas. Para a semana chegam os bancos, a instalar na parte superior do jardim, e dentro de três semanas a autarquia espera ter concluído o parque infantil. No local onde decorreram as últimas obras ainda não há relva. Espera-se que chova.

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Ao todo, foram plantadas quase mil árvores Daniel Rocha

A criação deste parque urbano, que a autarquia apelidou de Corredor Verde do Rio Seco, faz parte da política de criação de corredores verdes que liguem “importantes zonas da cidade”. No futuro, o pelouro pretende ligar este novo corredor ao Jardim Botânico da Ajuda e Calçada da Ajuda e criar um outro elo que permita fazer, por espaços verdes, o caminho até à Tapada da Ajuda.

Acabar com as cheias nas zonas baixas

Sempre que chove muito, as zonas baixas da Ajuda, Belém e Alcântara são afectadas por cheias. Para lá desce a água e os sedimentos arrastados pelas chuvas torrenciais. É um fenómeno que se repete todos os anos e interessa, por isso, gerir as águas pluviais no Alto da Ajuda de forma a diminuir o caudal que chega à zona ribeirinha da cidade.

Como forma de “travar o escoamento de água e sedimentos para a zona baixa”, explicou José Saldanha Matos, um dos coordenadores do Plano de Drenagem do município, a autarquia está a ultimar o projecto de criação de uma bacia de retenção de água a céu aberto. Uma intenção que já tinha sido anunciada em 2008.

No local onde se realizava a festa dos estudantes Semana Académica de Lisboa, entre o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) e a Faculdade de Arquitectura, vai ser criada uma bacia naturalizada que retenha a água das chuvas, “por períodos de tempo controlados”. Evitando, assim, as cheias que atingem regularmente as zonas baixas desta parte da cidade.

Sobre a actual intervenção, ainda não foi feito um orçamento uma vez que o projecto ainda não está terminado. O pelouro dos Espaços Verdes espera terminar esta obra ainda este ano.

O projecto prevê ainda a plantação de árvores à volta da bacia e a criação de espaços verdes para que este seja um espaço “por excelência de usufruto” para os estudantes e moradores, disse Sá Fernandes. Desta forma, a criação desta bacia, contígua ao parque urbano, concretiza a “transição urbanística com [o Parque Florestal de] Monsanto”. “Queremos que Monsanto cresça”, afirmou o arquitecto municipal João Castro.

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