O presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, rejeitou nesta quarta-feira a ideia da criação de uma Superliga europeia promovida pelos clubes mais poderosos, em alternativa à actual Liga dos Campeões, na sua passagem pelo congresso Football Talks.

Em declarações aos jornalistas após a sua intervenção na sessão de abertura da segunda edição do evento organizado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que decorre até sexta-feira no Centro de Congressos do Estoril, o líder da UEFA lembrou que o futebol tem de permanecer uma competição aberta e inclusiva para todos e não apenas sob o domínio de alguns.

“Tenho a certeza de que não haverá uma Superliga. Isso significaria uma guerra com a UEFA. Enquanto estiver na presidência, não haverá Superliga. Vai tudo continuar na mesma: formas de acesso e formato. Tem de ser um sonho para toda a gente chegar à Liga dos Campeões. Não pode ser uma competição fechada", afirmou.

As palavras de Aleksander Ceferin foram ao encontro do seu discurso no congresso, no qual já tinha reiterado a importância do equilíbrio dentro da UEFA e a missão do organismo de "proteger o futebol": "Não podemos permitir que a grandeza de alguns faça sombra a outros. Temos de garantir investimento e solidariedade”.

Todavia, o presidente do organismo que tutela o futebol europeu também admitiu que o equilíbrio é um ideal que nunca será plenamente alcançado, embora destaque o papel de instrumentos reguladores, como o fair-play financeiro.

“Com o licenciamento e o fair-play financeiro, estamos a fazer um trabalho razoável, a cuidar da sustentabilidade. É impossível desfazer o fosso por completo. Não podemos ignorar o facto de que os clubes das cinco principais ligas serem responsáveis por 85% das receitas e receberem 60%. Temos de ser diplomatas", salientou.

Já sobre a crescente influência do mercado chinês no panorama do futebol, Aleksander Ceferin garantiu não ver as investidas milionárias dos clubes asiáticos como uma ameaça, mas sim um desafio a aproveitar.

"Temos de aproveitar isso. Deviam saber que o futebol europeu é o melhor do mundo. Já temos muito impacto. A Liga dos Campeões tem um interesse enorme fora da Europa. Mas é a nossa competição, é o nosso produto e assim vai continuar. Não me parece que essa vantagem possa desaparecer com o mercado chinês", explicou.

A terminar, o presidente da UEFA teceu elogios a Portugal e à FPF, assumindo ter ficado "fascinado" com a vitória lusa no Euro 2016 e com a Cidade do Futebol.

“Foi um grande ano para Portugal. Estão a fazer um grande trabalho. Em termos financeiros, fiquei surpreendido, porque o orçamento da FPF não é tão grande como o de outras federações que não têm este sucesso”, finalizou.