O candidato presidencial da direita francesa, François Fillon, terá recebido cerca de 50 mil euros para organizar encontros em 2015 entre empresários do ramo petrolífero e o Presidente russo, Vladimir Putin. A revelação é feita, mais uma vez, pelo semanário satírico Le Canard Enchaîné, que promete mais pormenores na edição que é publicada esta quarta-feira.

O jornal diz que a consultora 2F, para a qual Fillon trabalhava, foi contratada pelo milionário libanês Fouad Makhzoumi, com negócios no ramo das condutas de gás natural, para organizar reuniões com Putin e com o director-executivo da Total, Patrick Pouyanné.

Os encontros aconteceram à margem do Fórum Económico Internacional, realizado em São Petersburgo, em Junho de 2015. E, segundo o Canard, Fillon terá recebido 46 mil euros pagos em duas prestações.

Os laços que unem Fillon ao líder russo são conhecidos. Enquanto foi primeiro-ministro, Fillon deslocou-se várias vezes a Moscovo e também recebeu Putin em Paris, numa altura em que os laços económicos entre os dois países se aprofundaram. Mais recentemente, Fillon tornou-se num dos grandes opositores à aplicação de sanções pela União Europeia à Rússia e tem sugerido uma maior cooperação com Moscovo.

Quanto a Pouyanné, a relação com Fillon é ainda mais próxima. O director-executivo da petrolífera francesa foi chefe de gabinete de Fillon durante os anos 1990 no Ministério dos Correios e das Telecomunicações.

As revelações prometem abalar ainda mais a candidatura de Fillon à presidência, depois do escândalo do alegado emprego fictício que a sua mulher Penelope teve como assistente parlamentar. Tal como agora, também esse caso foi divulgado pelo Le Canard Enchaîné. Desta vez, pelo menos, Fillon não vai ser apanhado de surpresa.