Morreu um dos jovens baleados à porta de uma discoteca em Lisboa
Três jovens foram baleados durante a rixa, na rua. Quando a PSP chegou ao local já não encontrou os autores dos disparos. Discoteca tem detector de metais. Gerente não acredita que tenham entrado armas no espaço.
Um dos três jovens baleados na madrugada deste domingo à porta da discoteca Luanda, na Travessa Teixeira Júnior, em Alcântara, Lisboa, morreu no hospital, confirmou fonte da Polícia Judiciária. Os outros dois ficaram feridos durante a rixa, mas encontram-se fora de qualquer perigo.
De acordo com a PSP, o alerta soou às 6h20. Quando a equipa chegou ao local já não encontrou os autores dos disparos. O INEM também lá esteve, bem como a Polícia Judiciária, a quem cabe investigar este género de crimes. "Foi uma discussão à porta da discoteca", resumiu fonte da PJ. "Há algum tempo que não acontecia, mas não é inusual."
O ferido grave foi transportado para o Hospital São Francisco Xavier. O serviço de emergência ainda o sujeitou a uma intervenção cirúrgica, mas o jovem acabou por morrer. Os outros dois feridos seguiram para o Hospital de Santa Maria. Ao PÚBLICO, fonte hospitalar afirmou que estão livres de perigo.
Horas depois do sucedido, o tema ainda dominava as conversas naquela zona da cidade. Joaquim Francisco, residente na Rua de Alcântara, conta ao PÚBLICO o que viu: “Primeiro vi uma cena de pancadaria; depois um homem puxou da pistola que tinha na meia e deu um tiro na perna do outro. O outro começou a fugir, a mancar, levou com dois tiros nas costas.” Só reparou na existência de uma arma. Refere que o autor dos disparos foi igualmente agredido, enquanto várias pessoas fugiam em pânico. “Polícia há, só que muitas vezes não chegam a tempo”, diz, considerando que este tipo de situações é frequente naquela zona, sobretudo aos fins-de-semana.
De visita a Lisboa para participar num congresso, uma hóspede do Factory Guest House, alojada num quarto com vista para a rua onde se deram os desacatos, acordou com os três tiros: “Estava cheio de gente na rua, era uma confusão enorme", contou a testemunha, pedindo para não ser identificada. "Vi que estava um rapaz deitado no chão – não percebi se tinha levado tiro ou não – e depois pegaram nele e meteram-no na parte de trás de um carro que tinha entrado de marcha atrás.” Só algum tempo depois é que chegou a polícia, afirma.
Gerente defende fecho tardio
José Gouveia, gerente da discoteca, garante que o espaço tem um detector de metais instalado à entrada, pelo que não é fácil entrar com armas. "O que a experiência me diz é que neste tipo de situações os indivíduos vão buscar as armas ao carro. Às vezes até a casa, e depois voltam...", comentou. A vídeo vigilância não deverá ser muito útil. Tudo aconteceu fora do alcance das câmaras.
Na sua opinião, a existência de polícias à porta à hora de saída das discotecas teria um efeito preventivo. Há uns anos, conta, a PSP disponibilizava agentes, que eram gratificados, para prestar esse serviço. Como algumas discotecas não pagaram, deixou de o fazer. "Pagou o justo pelo pecador", disse ao PÚBLICO.
Esta não é a primeira vez que aquela discoteca é cenário de crime. Houve vários episódios nos últimos anos. O pior oconteceu em 16 de Abril de 2000. Nessa ocasião, sete pessoas morreram e outras 40 ficaram feridas. Rebentaram duas granadas de gás-pimenta, o que gerou um movimento de pânico.
Gouveia ainda não geria a discoteca naquela altura, mas recorda o caso. Considera, todavia, que isso não tem nada a ver com a madrugada deste domingo. "O que se passou [em 2000] foi, para usar a expressão que se usou em tribunal, um 'atentado'. Depois, as pessoas não saíram pelas saídas de emergência, dirigiram-se todas para a porta por onde entraram" e houve um esmagamento. O processo relativo às indemnizações dos familiares das vítimas dessa altura, lembra, continua em tribunal. com Lusa