Obesidade ameaça a longevidade humana
As estatísticas mostram que cerca de 28 por cento dos norte-americanos e 20 por cento dos europeus são obesos, e muitos outros têm peso a mais. A obesidade é a epidemia que mais rapidamente tem crescido nas últimas duas décadas.
O excesso de comidas gordas e a diminuição da actividade física são apontados como os culpados desta mudança na evolução humana: é que se o aumento da disponibilidade de alimentos permitiu que as pessoas se tornassem mais altas e saudáveis, agora as pessoas estão apenas a tornar-se mais gordas, e não a ganhar altura. E estão a engordar cada vez mais cedo.
"Passámos os últimos 100 anos a fazer coisas maravilhosas para aumentar a longevidade e melhorar a saúde humana. Actualmente, há uma série de factores que põem seriamente em causa estes ganhos", afirmou Prentice, citando a obesidade e o tabagismo. "A obesidade sozinha pode reverter o quadro", explicou.
Os adolescentes estão a tornar-se obesos cada vez mais cedo, e começam a sofrer de diabetes do tipo II e outras doenças relacionadas com o excesso de calorias, que normalmente só surgiam em pessoas de meia idade. "A diabetes é uma doença séria, que põe a vida das pessoas em risco. Estes jovens estão a cair numa armadilha ambiental que lhes trará grandes problemas de saúde no futuro", comentou o investigador.
O problema é agravado pelo facto de crianças e adolescentes que são obesos terem maiores probabilidades de se manterem obesos durante a idade adulta, e a sentirem os efeitos negativos da acumulação de gordura de uma forma mais intensa. "A obesidade é uma doença de evolução longa. O tempo é um factor importante: quanto mais tempo alguém for obeso, mais provável se torna que venha a sofrer problemas de saúde", comentou Prentice.
Será possível fazer alguma coisa para travar a epidemia? "A obesidade é uma resposta biológica às mudanças ambientais do nosso tempo perfeitamente previsível", disse o investigador. "Não é que as crianças actuais sejam simplesmente glutonas, ou preguiçosas. Simplesmente, caíram nas ratoeiras que o ambiente em que vivem lhes apresentam", como a comida de "fast food", os alimentos hipercalóricos de que estão rodeados e o facto de passarem cada vez mais tempo em frente à televisão e ao computador, em vez de irem brincar para a rua.
São necessárias grandes alterações nos sistemas de transporte, na alimentação, na publicidade e na educação por parte do poder político, para encorajar as pessoas a fazer exercício, a comer melhor e, também a disponibilizar-lhes locais seguros para as crianças brincarem. Só desta forma esta tendência que ameaça alterar de maneira profunda a evolução humana pode ser combatida, diz Prentice.