Passos para a esquerda: "Como justificam que CGD pague mais a capitalistas?"
O líder do PSD diz que a recapitalização da CGD mais não é do que um "processo de privatização" do banco público e questiona PS, PCP e BE como podem "pagar mais a capitalistas" do que ao Estado.
Passos Coelho não tem dúvidas, a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos decidida pelo Governo de António Costa vai levar a uma espécie de privatização do banco público.
Este sábado à tarde, num almoço de mulheres social-democratas no Porto, o líder do PSD atirou à maioria de esquerda: "Há qualquer coisa de errado neste processo de privatização da Caixa", começou por dizer, para depois referir que "os privados que vão emprestar dinheiro à Caixa vão receber um lucro maior do que o dinheiro que o Estado lá vai pôr", começou por dizer.
"Como é que os socialistas, bloquistas e comunistas, justificam que a Caixa esteja a pagar mais aos capitalistas do que ao Estado que põe lá dinheiro dos contribuintes?", questionou, passando a ideia que a recapitalização da CGD será melhor negócio para privados do que para o Estado.
Passos referia-se ao processo de recapitalização do banco público que implica uma parte de injecção directa de capital pelo accionista Estado, no valor de 2,5 mil milhões de euros e a emissão de obrigações (dívida perpétua) a privados institucionais, no valor global de 930 milhões de euros. Ora é sobre esta emissão de dívida que Passos Coelho fala.
Uma emissão de dívida avança já este mês de Março, com a colocação de 500 milhões de euros no mercado, tendo os restantes de ser emitidos nos próximos 18 meses. Acontece que esta colocação de dívida poderá ser colocada a uma taxa de juro elevada, que poderá rondar os 10%. É a esta remuneração que o líder do PSD estará a referir, uma vez que estes juros poderão ser superiores à remuneração do Estado (via dividendos quando a CGD voltar aos lucros).
Na argumentação de Passos Coelho, tendo em conta esta decisão, acordada com as instituições europeias, "cai a máscara da ilusão do Governo". "Aquilo que se diz não é aquilo que se faz", acusa e por isso, "o resultado só pode ser a descrença e a falta de credibilidade", disse.