Petrolífera da Gulbenkian recupera de prejuízos históricos

Baixa do preço do petróleo levou a Partex a registar prejuízos pela primeira na sua história em 2015, mas voltou aos lucros no ano passado. Sede passou das Ilhas Caimão para a Holanda.

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António Costa Silva lidera a petrolífera Partex Daniel Rocha

Os lucros já vinham a diminuir mas, até 2015, nunca a Partex, a petrolífera da Fundação Gulbenkian, tinha registado prejuízos. Nesse ano, não só o resultado foi negativo, como chegou aos 146 milhões de dólares (136 milhões de euros, ao câmbio actual). Ao PÚBLICO, o presidente da Partex, António Costa Silva, justifica este resultado com a forte queda do preço do petróleo, de cerca de 50%: dos 103 dólares por barril registados em 2014, o valor caiu para 53 dólares no final de 2015.

O valor afectou os activos da petrolífera, que actua no segmento da pesquisa e exploração, obrigando à constituição de imparidades. De acordo com as contas desse ano, as imparidades foram de 212 milhões de dólares (contra 75 milhões de 2014) e, segundo António Costa Silva, a Partex “teve um resultado decorrente da sua actividade de 66,3 milhões de dólares” antes das imparidades, que correspondem “à diminuição da avaliação dos activos da companhia por aplicação do método do «justo valor»”, devido à queda do preço do petróleo.

Para além da questão dos activos, a queda do preço do petróleo levou também a uma descida no valor das receitas em 2015, de 45%, para 328 milhões de dólares, apesar de um aumento da produção petrolífera nas geografias onde o grupo tem produção: Omã, Abu Dhabi, Cazaquistão e Brasil (estão também em Angola, mas ainda sem produção e vendas, e ligados à prospecção em Portugal, projecto com vários atrasos e contestações).

No ano passado, de acordo com o presidente da Partex, a empresa já voltou aos lucros, com um resultado líquido que estima “superior a 60 milhões de dólares", e vendas de 252 milhões (menos 23%). Na base da recuperação, diz António Costa Silva, está a subida do preço do barril de petróleo (que está agora na casa dos 50 dólares), que permitiu reverter as imparidades registadas, e o “corte de custos internos e de custos operacionais das companhias em que a Partex participa”, que começou a ser aplicado logo em 2015.

Mesmo com os fortes prejuízos que registou em 2015, a empresa não deixou de entregar dividendos à Gulbenkian (o contributo da Partex vale cerca de um terço das receitas da fundação).  De acordo com o presidente da empresa, esta é “financeiramente sólida, sem passivos financeiros, o que lhe permite distribuir regularmente dividendos” ao seu accionista. Em 2015, forma entregues 67 milhões de dólares em dividendos, e, no passado, foram aprovados mais 30 milhões.

Das Caimão para a Holanda

Nos últimos anos, o grupo tem levado a cabo uma reorganização da sua estrutura, que ainda decorre. O destaque vai para a mudança de localização da Partex Holding, que passou das ilhas Caimão para a Holanda. Segundo explica António Costa Silva, na altura da criação da petrolífera em 1938, por Calouste Gulbenkian, as subsidiárias “foram sendo localizadas no Panamá e nas ilhas Caimão”.

Estas subsidiárias, diz, “não têm actividade económica e limitam-se a constituir sede de concessões, cuja actividade decorre e é sujeita a impostos nos países onde têm as suas actividades operacionais (em 2015, foram pagos 145 milhões de dólares de impostos)”.

Mais recentemente, decidiu-se que a holding do grupo “deveria ficar localizada em território da União Europeia”, tendo o grupo optado pela Holanda. Neste momento, de acordo com o gestor, “estão a ser transferidas para Portugal as actividades de suporte não localizadas na Holanda”, processo que deverá estar finalizado este ano.

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