A Câmara Municipal da Mealhada vai avançar com obras de conservação e reabilitação do Convento de Santa Cruz do Buçaco e das capelas da Via Sacra da Mata Nacional do Buçaco. Um investimento de um milhão de euros, que dá o “pontapé de partida de saída” para a candidatura da “Deserto dos Carmelitas Descalços e conjunto edificado do Palace do Bussaco” a património mundial da Unesco, apresentada esta quinta-feira.

Ainda não há data para o início nem fim das obras mas esta intervenção é a concretização “de um antigo desejo” dos promotores da candidatura do Mata do Buçaco a património da UNESCO. “Vão começar em breve”, garantiu o autarca da Mealhada, Rui Marqueiro, que há já um ano tinha expresso a intenção de avançar com a candidatura. Parte do financiamento vem de fundos comunitários, incluindo 75 mil euros do Provere.

É “a mistura de valências” que fazem da Mata Nacional do Buçaco um ex-libris nacional, defendeu o presidente da Fundação Mata do Bussaco, António Gravato, na apresentação pública da candidatura, à margem da Bolsa de Turismo de Lisboa. Falava de um espaço com “enorme riqueza” ambiental - a única pública com certificação de gestão florestal sustentável PFEC em Portugal. “Singular” pela sua história, em particular o episódio da Batalha do Buçaco, decorrido há 207 anos durante a terceira invasão francesa. Sem esquecer o património religioso do Convento de Santa Cruz, das vinte capelas que compõem a Via Sacra e o Palace Hotel do Buçaco.

Ao todo são 105 hectares de património ambiental e edificado que quer ser relançado pela UNESCO. Ambos os promotores, a autarquia e a fundação, acreditam que o impulso dado pela candidatura e pela esperada confirmação da UNESCO vão trazer novas fontes de rendimento que permitam alcançar a "sustentabilidade financeira" da fundação e “cumprir os objectivos” de valorização da mata.

António Gravato acredita ainda que a candidatura se destaca pela biodiversidade e diversidade de paisagens que fazem deste local um “verdadeiro museu biológico”.

Metas? Meio milhão de visitantes por ano até três anos após a classificação como Património Mundial. Subidas de 15% nos alojamentos e 30% no número de dormidas. Esperam um aumento envolvimento das comunidades locais à volta do turismo. Criar postos de trabalho e fixar população. Como efeito de contágio, a candidatura é ambiciosa: espera melhorar a atracção turísticas das áreas envolventes, não só da Mealhada e Lusa, como Aveiro e Coimbra.

A avaliar pelos casos de Sintra, Porto, Alto Douro Vinhateiro e Guimarães, que registaram um crescimento significativo de visitantes depois das atribuições da UNESCO, a fundação espera um aumento de procura, em dez anos, de 300%.

Nas palavras de António Gravato: “Acreditamos que, no prazo de dez anos, iremos passar das actuais mil camas para 1500, e das actuais 80 mil dormidas anuais para 160 mil, o que contribuirá para um aumento importante na percentagem de dormidas registadas na região Centro”. A concretizar-se, a Mata do Buçaco juntar-se-à ao conjunto Universidade de Coimbra (Alta e Sofia), Convento de Cristo, Mosteiro da Batalha e Mosteiro de Alcobaça como edifícios património mundial da zona centro do país.

A nível ambiental, um apoio como a classificação da UNESCO permitiria aumentar a capacidade de preservação dos recursos florestais e investir na investigação sobre técnicas de projectão da mata.

A autarquia diz também não esquecer a necessidade de plantar 80 mil árvores. Planos que, por falta de financiamento, não avançam para já.

Actualmente classificado como Imóvel de Interesse Público, o conjunto monumental do Buçaco é formado pelo Palace Hotel do Buçaco - instalado em 1917 num pavilhão de caça dos últimos reis de Portugal – pelo Convento, as ermidas, as capelas e os Passos que compõem a Via-Sacra, a Cerca com as Portas, o Museu Militar e o monumento comemorativo da Batalha do Buçaco.