Paulo Azevedo sobre compra da PT: "Estavam todos feitos e isso fez-nos a vida difícil"

Presidente da Sonae espera que Justiça faça o seu trabalho.

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Nelson Garrido

Paulo Azevedo, presidente da Sonae, reagiu esta quinta-feira às revelações sobre a investigação judicial Operação Marquês, em relação a aspectos que dizem respeito à tentativa de compra da Portugal Telecom (PT) por parte da Sonae, referindo que, apesar das garantias de que havia concorrência, "o jogo estava distorcido".

Referindo-se ao resultado da Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pela Sonae sobre a PT, que terminou sem sucesso, Paulo Azevedo afirmou: "[Independentemente de haver dinheiro ou não,] estavam todos feitos e isso fez-nos a vida difícil, durante muito tempo, de forma muito injusta."

Falando na apresentação de contas anuais, esta quinta-feira na Maia, onde o grupo proprietário do PÚBLICO tem a sua sede, o gestor admitiu "alguma satisfação" por revelações que têm vindo a público. "Diziam-nos que a concorrência era limpa e depois, em privado, riam-se da nossa cara", observou. "Fizemos o nosso caminho e estamos muito satisfeitos. A Justiça fará o seu trabalho."

Os antigos gestores da Portugal Telecom (PT) Zeinal Bava e Henrique Granadeiro foram constituídos arguidos na Operação Marquês. Os antigos administradores da operadora de telecomunicações são suspeitos de terem sido corrompidos pelo Grupo Espírito Santo (GES) para, no âmbito das suas funções, agirem de acordo com os interesses daquele grupo, nomeadamente no negócio da entrada da PT na brasileira Oi.

“Podem pedir responsabilidades ao dr. Passos Coelho no negócio da fusão da Portugal Telecom com a Oi”, declarou o ex-primeiro-ministro José Sócrates, um dos principais arguidos do caso, na segunda-feira, 13 de Março, à saída do interrogatório no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), em Lisboa.

O antigo governante confirmou ter sido confrontado, durante as cerca de seis horas e meia que durou a diligência com alegações do Ministério Público sobre aquele negócio, mas “tão estapafúrdias que não têm o mínimo de sustentação na realidade”.

Quanto às contas da Sonae, apresentadas nesta quinta-feira, o grupo registou em 2016 um crescimento nos principais indicadores de actividade, beneficiando de um quarto trimestre particularmente bom no retalho alimentar, que contribuiu para que o volume de negócios consolidado tenha chegado aos 5376 milhões de euros, um aumento de 7,2%. Os lucros atribuídos aos accionistas totalizaram 215 milhões de euros. No último exercício, a Sonae adianta que criou dois mil postos de trabalho e que os apoios à comunidade ascenderam a 10 milhões de euros.

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