Cobrança de 1,5 euros a caloiros da Universidade de Aveiro gera indignação
Dirigentes da Associação Académica dizem-se chocados. Reitor afirma que na universidade aveirense está garantido o princípio da liberdade de escolha.
Vários caloiros da Universidade de Aveiro (UA) foram, nesta quarta-feira, chamados a participar numa acção de praxe (designada de Roncada) que implicava o pagamento de 1,5 euros, um valor que se destinará a comparticipar a realização de um encontro de elementos de comissões de praxe de todo o país – agendado para o próximo fim-de-semana, na cidade da ria. A “cobrança” mereceu o desagrado de vários caloiros e também da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv). Já o reitor da UA, Manuel Assunção, faz questão de lembrar que, na instituição que dirige, está garantido o princípio da tolerância e da liberdade de escolha. Ou seja, ninguém é obrigado a aderir à praxe.
Em declarações ao PÚLICO, Xavier Vieira, presidente da AAUAv, mostrava-se chocado com a atitude dos responsáveis da Faina Académica (comissão de praxe da UA) e garantia ter recebido, durante esta quarta-feira, dezenas de mails e telefonemas de caloiros que estavam indignados com a situação. “Como é que podem obrigar os estudantes a dar 1,5 euros a uma comissão que nem sequer existe fiscalmente?”, criticava, sem deixar de notar que esta cobrança surgiu na sequência da recusa da AAUAv em apoiar, financeiramente, o referido encontro nacional. “Foi-nos solicitada uma comparticipação mas nós entendemos que não iríamos financiar um encontro de representantes da praxe”, esclareceu Xavier Vieira.
Depois de tomar conhecimento da cobrança feita junto dos caloiros, o dirigente académico aveirense deixou a garantia: “a AAUAv não compactua com esta postura”. E atendendo a que a Faina Académica é “uma comissão autónoma, que não depende, nem tem de responder perante a associação académica” prometeu pedir a intervenção do Reitor, que, para já, apenas faz questão de sublinhar que, na UA, só adere à praxe quem quer. “Na Universidade de Aveiro está garantido o princípio da tolerância e da liberdade de escolha”, frisou Manuel Assunção, lembrando que, quando tal norma é desrespeitada, faz questão de intervir. “Este ano, abri um inquérito a actividades ditas da praxe”, reforçou, contrapondo: “agora, quando os estudantes decidem aderir à praxe não podem vir perguntar se eu concordo ou não com os princípios da praxe”.
Ao PÚBLICO Manuel Assunção recordou, ainda, que cortou relações com a comissão de praxe da UA – junto da qual não foi possível, até à hora de fecho desta edição, obter uma reacção à cobrança de 1,5 euros feita aos caloiros -, há cerca de três anos, por ter sido desautorizado num episódio em concreto.