Área Metropolitana de Lisboa quer passe único. E já estuda o impacto da medida
Criação de um passe de transportes único intermodal para a área metropolitana é um pedido de longa data da Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa. Comissão queixa-se que falta de informação sobre os títulos Zapping induz utentes em erro.
A Área Metropolitana de Lisboa (AML) está a estudar os impactos da criação de um passe intermodal que abranja os 18 concelhos que a compõem “e que contenha preocupações de natureza social e ambiental”, adiantou ao PÚBLICO fonte da AML. “O objectivo da AML é abranger todas as empresas de transporte: rodoviário, ferroviário e fluvial”, prosseguiu.
Há já vários anos que entidades na área dos transportes procuram uma solução que dê um “acesso generalizado a um passe intermodal que abranja toda a área metropolitana de Lisboa”. Foram iniciados vários estudos, nunca finalizados. Ficaram na gaveta, principalmente por não conseguirem “estimar os impactos financeiros e a real procura deste novo título intermodal”, explicou fonte da AML.
O novo estudo, iniciado em Novembro de 2016, deve estar pronto no final de Junho. Segundo a AML, vai permitir saber quais as receitas totais do sistema tarifário, as necessidades de financiamento público complementar, os seus impactos socioeconómicos e se há alternativas viáveis ao modelo agora estudado.
A AML está a recolher, junto de várias entidades públicas e privadas que operam na área, dados estatísticos sobre os transportes nos 18 concelhos da área metropolitana da capital, “fundamentais para fazer o apuramento e modulação do sistema”.
Esta iniciativa da AML é um passo dado ao encontro dos pedidos da Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa. “Há que rever a questão da bilhética”, entende Cecília Sales, porta-voz da comissão. Pede que seja criado “um passe único intermodal com todas as empresas públicas e privadas que servem a área metropolitana”. Ao todo, a comissão fala na existência de “dois mil títulos de transportes diferentes na área metropolitana da capital”.
Como funciona realmente o Zapping nos Transportes de Lisboa?
A existência de vários títulos e passes de transporte está na base de uma “queixa frequente” feita à Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa: “é uma confusão comprar um bilhete de transportes em Lisboa”. Que título é o mais adequado? Quais as modalidades mais baratas para o percurso que quer fazer? É por isso que a comissão tem, “há já vários anos”, vindo a pedir a criação de um único passe, “que facilite a vida às pessoas”, nas palavras de Cecília Sales.
Um dos problemas da bilhética actual, diz a porta-voz da comissão de utentes, é que o funcionamento de alguns títulos não é bem explicado nos locais de venda. Refere-se em particular à modalidade pré-paga Zapping, que pode “encarecer mais o percurso que a pessoa quer fazer”, por não ser perceptível para todos os utentes como é que esta modalidade funciona.
O Zapping, segundo informa o site do Metropolitano de Lisboa, é “um título de transporte pré-pago destinado a quem viaja ocasionalmente na Carris, Metro de Lisboa, Grupo Transtejo,” CP – Comboios de Portugal, Fertagus e Metro Sul do Tejo. Funciona como “um porta-moedas” nos cartões Viva Viagem, 7 Colinas e Lisboa Viva. No mínimo tem que carregar três euros. A partir desse montante pode fazer carregamentos múltiplos de cinco até um máximo de saldo no cartão de 40 euros. O valor de cada viagem é descontado “de acordo com a tarifa e as condições de utilização em cada operador.” Condições e preços que variam de operador para operador.
No metro de Lisboa e na Carris, cada viagem Zapping custa 1,30 euros e “só permite a utilização de um único operador. A mudança de operador de transporte implica o desconto de nova viagem Zapping”. Por isso, ir de Arroios a Belém, de metro e autocarro, fica por 1,45 euros com um bilhete normal (em que o mesmo título é válido para viajar na Carris e no Metro durante uma hora). Com o pré-pago esta viagem fica por 2,6 euros pois, ao mudar do Metro para a Carris, é cobrado outro bilhete.
Quando o PÚBLICO questionou a Transportes de Lisboa sobre a razão pela qual não se aplica no Zapping do metro de Lisboa o limite horário que existe nos bilhetes simples, fonte da empresa explicou que a modalidade é para quem usar os transportes de “forma individual”. Ficou por esclarecer, no entanto, se esta informação é perceptível para os utentes. Nas estações de metro, postos de venda habitual, é apenas indicado o preço de cada bilhete quando usada a modalidade de Zapping, sem informações adicionais sobre o seu funcionamento.