Draghi diz que riscos de deflação “já não existem”
Banco Central Europeu reviu em alta, de 1,3% para 1,7%, as estimativas para a inflação em 2017.
O Banco Central Europeu considera que os riscos associados à deflação praticamente desapareceram e não há, pelo menos para já, um sentido de urgência para a tomada de medidas adicionais. Ainda assim, os estimulos à economia são para manter e o BCE está preparado para os reforçar, caso seja necessário.
Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do conselho de governadores, onde o BCE decidiu manter as taxas de juro em 0%, Mário Draghi, presidente da instituição, revelou que os preços baixos são agora um risco menor.
“A urgência motivada pela existência de riscos de deflação já não existe”, destacou.
Draghi explicou que a melhoria da perpecção dos riscos está expressa no comunicado divulgado nesta quinta-feira, uma vez que deixou de haver qualquer referência à disponibilidade de o BCE usar “todas as armas disponíveis” para subir a inflação.
O BCE reviu em alta as suas previsões para a inflação na zona euro. Para 2017, a expectativa é que a inflação seja de 1,7%, reflectindo a evolução dos preços da energia, acima da estimativa de 1,3% apresentada pelo banco central em Dezembro. Em 2018, a inflação deverá chegar a 1,6%, ligeiramente acima dos 1,5% inicialmente estimados, enquanto em 2019 não houve alterações mantendo-se a previsão de 1,7%.
As prespectivas quando ao crescimento económico dos países do euro também melhoraram. A expectativa é que 2017 termine com um crescimento médio de 1,8%, quando a estimativa anterior apontava para 1,7%. Em 2018 é esperada uma evolução de 1,7%, seguindo-se 1,6% em 2019.
Apesar de os riscos serem agora menos pronunciados e de o BCE estar relativamente descontraído em relação à inflação, Draghi alertou que continua a ser necessário manter os estímulos, até que haja "sinais convincentes" de que a evolução da inflação é auto-sustentável.
“O conselho de governadores quer ver sinais convincentes na inflação", disse o presidente do BCE, alertando que descontando os preços da energia e dos bens alimentarem, a inflação continua abaixo de 1%.
Na reunião desta quinta-feira, o BCE decidiu manter as taxas de juro de referência e renovou o ritmo da política de compra de activos em vigor, admitindo contudo reajustar essa política se houver mudança das condições económicas e financeiras. Por agora, e tal como planeado, o BCE vai comprar 80 mil milhões de euros de activos até final de Março. A partir daí, entre Abril e até final do ano, o ritmo vai reduzir-se para 60 mil milhões de euros em cada mês.
Questionado sobre os riscos associados às eleições em França e na Holanda, Draghi respondeu apenas que esses "riscos geopolítcos" são tidos em conta nas discussões dentro da instituição. Mas também lembrou que no último ano houve mudanças importantes, como o "Brexit", o referendo italiano e a nova administração norte-americana que têm riscos associados mas cujo impacto ainda não é visível na economia.
"Sabemos que são acontecimentos que comportam riscos, mas não sabemos como se irão reflectir na situação económica", frisou.