Professora com cancro queixa-se de ser obrigada a regressar à escola

Docente afirma estar à espera de uma junta médica para prolongar a baixa.

Foto
Cristina tem já tratamentos marcados até Julho de 2018 Rui Gaudêncio

Uma professora de Chaves, doente oncológica em tratamento, queixou-se nesta quarta-feira de ser obrigada a regressar ao trabalho e de estar há mais de um ano à espera de uma junta médica que disse ser necessária para prolongar a baixa. Cristina Santos, uma professora de línguas de 54 anos residente em Chaves, foi chamada para regressar à Escola Secundária Júlio Martins, apesar de estar em plena fase de tratamento a um linfoma folicular, detectado em 2015.

Depois de descoberta a doença, a docente colocou três baixas consecutivas até Dezembro desse ano, altura em que disse ter sido informada de que seria chamada a uma junta médica do sistema de saúde ADSE (Direcção-Geral de Protecção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública). Só que, segundo Cristina Santos, durante todo este tempo "nunca" foi chamada para essa junta médica, uma situação que considera "incompreensível e ridícula".

A responsável garantiu que toda a sua documentação clínica já foi enviada para a Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGESTE), entre relatórios, atestados e até a baixa dada pela junta da Administração Regional de Saúde (ARS) Norte.

No entanto, agora que atingiu os 18 meses de período de baixa, afirma que foi contactada pela escola, em nome da DGESTE, que lhe deu instruções para voltar ao serviço alegando que atingiu o limite máximo de faltas por doença.

A professora apresentou-se na escola, só que, segundo frisou aos jornalistas, o "pesadelo burocrático mantém-se".

Isto porque no estabelecimento de ensino foi informada que tem, agora, três hipóteses. "Ou me apresento ao serviço munida de um atestado médico que me diga que estou em condições, e os outros atestados médicos que eu tenho não dizem isso, ou eu vou para a aposentação antecipada e eu não reúno as condições mínimas, ou vou com uma licença sem vencimento e assim não posso viver", afirmou.

Na escola, Cristina Santos disse ter encontrado "bom acolhimento" e "disponibilidade" para ser colocada em serviços que exijam menos esforços e que sejam menos cansativos.

No entanto, ressalvou não se sentir em condições para ir trabalhar. "A lei garante-me que eu tenho direito a uma prorrogação dos 18 meses por se tratar de uma doença incapacitante que exige tratamento prolongado", acrescentou ainda.

Depois dos tratamentos mais agressivos, a doença estabilizou, mas Cristina tem já tratamentos marcados até Julho de 2018. A doente faz quimioterapia de manutenção, de três em três meses. "Isto é um pesadelo. A doença e agora esta burocracia, as papeladas, este entendimento legislativo, isto é que é um pesadelo realmente, porque dar aulas é um prazer", salientou.

Contactada pela agência Lusa, fonte do Ministério da Educação disse que o "caso está a ser devidamente analisado pelos serviços da DGESTE de modo a encontrar-se a melhor solução".