Ricardo Salgado e o BES: "Veremos quem são os verdadeiros responsáveis"
No julgamento que decorre em Santarém, Ricardo Salgado recusa ser considerado culpado pelo colapso do BES e afirma que o Banco de Portugal escondeu elementos fundamentais para apurar a verdade.
“Vamos aguardar: a verdade virá ao de cima e então veremos certamente quem são os verdadeiros responsáveis pelo que aconteceu ao BES”, afirmou Ricardo Salgado à TVI, à saída do tribunal de Santarém, recusando ser considerado responsável pelo fim do banco a que presidia. Ricardo Salgado é um dos arguidos no processo da queda do Grupo Espírito Santo (GES).
O ex-banqueiro considera que o julgamento no Banco de Portugal foi distorcido pelo regulador, "inclusivamente escondendo elementos fundamentais para apurar a verdade." No ano passado, Ricardo Salgado foi condenado, pelo Banco de Portugal, a pagar uma coima de quatro milhões de euros e ficou inibido de exercer funções de cargos em instituições de crédito durante dez anos.
No tribunal de Santarém, está a ser avaliado o recurso apresentado por Ricardo Salgado à decisão do Banco de Portugal (BdP), num processo que envolve a audição de mais de 50 testemunhas. Para além de Ricardo Salgado, foram constituídos outros 11 arguidos no processo de contra-ordenação finalizado em 2016, referente à colocação de papel comercial da ESI (Espírito Santo International) aos balcões do BES. Amílcar Morais Pires, arguido no processo, também apresentou recurso à decisão do Banco de Portugal, assim como José Maria Ricciardi que acabou, no entanto, por desistir do recurso.
Questionado sobre quais os elementos fundamentais que foram escondidos pelo Banco de Portugal, Ricardo Salgado responde: “O estudo encomendado à Boston Consulting Group e também não ter aceite o depoimento da senhora que assinou a resolução do BES que nós gostaríamos de ouvir e o Banco de Portugal não deixou”.
“Tenho a expectativa, uma vez que estamos verdadeiramente na casa da Justiça, de poder ter acesso a essas informações que considero essenciais para o apuramento da verdade”, conclui Ricardo Salgado.