Supermemória pode ser treinada
Um dos autores do estudo é um dos chamados “atletas” da memória.
A capacidade de realizar proezas com a memória, como recordar uma lista de várias dezenas de palavras, pode ser treinada e perdura, revela um estudo publicado esta quarta-feira na revista Neuron.
Investigadores da Universidade de Radboud, em Nijmegen, na Holanda, em colaboração com cientistas da Universidade de Stanford, na Califórnia, nos Estados Unidos, realizaram uma experiência na qual um grupo de pessoas mais do que duplicou a sua capacidade de memória, após sessões diárias de 30 minutos de treino estratégico durante 40 dias.
De uma lista de 72 palavras, os voluntários passaram a memorizar 62 em vez de 26. Ao fim de quatro meses, o desempenho das pessoas manteve-se elevado, apesar de a memória não continuar a ser treinada.
Imagens do cérebro dos voluntários, obtidas por meio de ressonância magnética, antes e depois da experiência, mostraram que o treino estratégico da memória alterou funções cerebrais, tornando-as mais semelhantes às dos “campeões” da memória.
“Após o treino, assistimos a um aumento do desempenho [das pessoas] nos testes de memória”, afirmou o primeiro autor do estudo, Martin Dresler, professor de neurociências cognitivas na Universidade de Radboud, citado num comunicado do grupo Cell Press, que edita revistas biomédicas como a Neuron.
Uma vez familiarizada com as estratégias de treino da memória e sabendo como aplicá-las, uma pessoa pode manter o seu desempenho elevado sem treino adicional, assinalou Dresler.
Segundo o investigador, o treino da memória não só induz uma “mudança de comportamento”, mas também “padrões de conectividade cerebral” parecidos com os dos “atletas” da memória, pessoas que participam em competições onde a sua capacidade de memória é colocada à prova.
Todos os anos, se realiza o Campeonato Mundial da Memória, onde os concorrentes são desafiados a memorizar o máximo de informação possível num determinado período de tempo. Há alguns anos, um dos “atletas” de topo mundial foi o co-autor do estudo Boris Konrad, hoje treinador de memória profissional, que consegue memorizar cerca de 500 dígitos ou cem palavras em cinco minutos.