Bruno quer lugar na história, Pedro promete nova ruptura

Entre insultos e acusações, Sporting escolhe este sábado o líder que poderá reconciliar o futebol com os títulos. O futuro de Jorge Jesus passa também pelas urnas.

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Sócios do Sporting voltam às urnas em Alvalade
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Sócios do Sporting voltam às urnas em Alvalade Rui Gaudêncio

Quando a temporada arrancou, em Agosto do ano passado, as eleições para a presidência do Sporting surgiam no horizonte como um mero referendo à popularidade de Bruno de Carvalho. A oposição interna existia, ainda que fragmentada, mas não dava sinais de vida e muito menos capacidade para lançar um ou mais candidatos com peso para desafiar o actual líder. Em poucos meses, os insucessos desportivos dentro das quatro linhas acabaram por dar alento a descontentes, que se reuniram em redor do gestor Pedro Madeira Rodrigues. Um grupo que garante representar uma “maioria silenciosa” e que ficará a conhecer hoje o seu real peso em Alvalade.

Não se pode dizer que, em matéria de conteúdos, a campanha eleitoral “leonina” tenha ficado enriquecida com a existência de alternativa a Bruno de Carvalho. O futebol centrou a discussão, como não poderia deixar de ser, com o treinador Jorge Jesus a ser puxado para a arena “política”. De tal forma, que a sua continuidade à frente da equipa principal estará também em causa neste escrutínio, por imposição de Madeira Rodrigues, que pretende substituir o técnico pelo espanhol Juande Ramos.

Longe vão os tempos em que as eleições sportinguistas não passavam de uma mera formalidade para legitimar uma dinastia de dirigentes, iniciada com o empresário José Roquette, em 1996. Eram os tempos de grande unanimismo em redor de um inovador projecto empresarial para o clube, que redundou num desastre financeiro e desportivo. Rendeu dois campeonatos aos esfomeados “leões” (1999-00 e 2001-02), é certo, mas com custos estratosféricos, que foram avolumando uma dívida até aos limites do insuportável.

Hoje, nenhum candidato à cadeira do poder sportinguista quer estar, de forma alguma, associado a este passado. Foi com um discurso de ruptura que Bruno de Carvalho foi eleito, em 2013; é com a mesma argumentação que Madeira Rodrigues pretende suceder-lhe no cargo. Pelo meio, acusaram-se mutuamente de estarem reféns de antigos dirigentes ou notáveis da era roquetista.

O ex-presidente do Conselho Fiscal José Maria Ricciardi e o ex-presidente Godinho Lopes foram, assim, também arrastados para a batalha eleitoral. O ex-banqueiro, que passou de crítico feroz de Bruno de Carvalho a um dos seus principais apoiantes, integra a comissão de honra da recandidatura do actual presidente e tem sido um alvo preferencial de Madeira Rodrigues. Para o líder da Lista A, esta “aliança” é um sinal inequívoco de que o seu adversário se reconciliou com alguns dos grandes símbolos da era Roquette. Do outro lado da barricada, devolvem-se os mimos, garantindo que o candidato da oposição não é mais do que uma marionete de Godinho Lopes, alvo de um processo levantado pela direcção sportinguista.

Apesar dos resultados do futebol profissional não estarem a contribuir para tornar a reeleição de Bruno de Carvalho num mero formalismo, o trabalho desenvolvido ao nível financeiro e os últimos resultados das contas da SAD (um lucro recorde de 46,5 milhões de euros no primeiro semestre desta temporada) poderão ser determinantes para a decisão dos sócios.

Mesmo assim, e para prevenir eventuais surpresas nas urnas, Bruno de Carvalho aumentou a parada nos últimos dias. Ao contrário do que fez na campanha eleitoral de 2013, desta vez prometeu levar a equipa a conquistar o campeonato mais do que uma vez, ao longo dos próximos quatro anos, caso seja reeleito. E se voltar a merecer a confiança dos sócios e cumprir um novo mandato na íntegra terá um lugar maior assegurando na história dos dirigentes do clube: será o quarto presidente que mais tempo liderou o Sporting, superado apenas por Joaquim Guerreiro de Oliveira (1932-42), Brás Medeiros (1959-61 e 1965-73) e João Rocha (1973-86). 

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