Arte portuguesa na noite dos museus em Paris

A 18 de Maio, duas dezenas de galerias parisienses e outros palcos abrem as suas portas à criação contemporânea lusa.

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Nem só de Vieira da Silva vive a presença da arte portuguesa em Paris Galeria Jeanne Bucher/Jaeger

A Noite Europeia dos Museus é uma iniciativa francesa já com história, associada em 2005 à comemoração do Dia Internacional dos Museus lançado pela UNESCO na década de 1970. Este ano, vai ser aproveitada pela Embaixada de Portugal em França e pelo Centro Cultural Camões em Paris para dar uma visibilidade acrescida à arte portuguesa nesta cidade.

Sabemos que a cena artística da capital francesa retém a memória de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), que aí se radicou, montou casa e família, atelier e arte durante a parte maior da sua vida. E também a de Manuel Cargaleiro, sobretudo pelos azulejos que desde 1995 decoram a estação do metro Champs Elysées-Clémenceau. Mas a arte portuguesa em Paris é muito mais que esses nomes históricos, e é isso que João Pinharanda, conselheiro cultural da Embaixada e director do Centro Camões, quer agora mostrar com o projecto Lusoscopie – “um jogo com a ideia da lusofonia”, que partiu da “constatação da enorme quantidade de artistas portugueses com galeria em Paris, o que prova uma real penetração, desconhecida ou desvalorizada, no mercado francês e internacional”, diz o também crítico e curador ao Ípsilon.

O programa de Lusoscopie – Artistas Portugueses em Paris está ainda em construção. Mas, para essa noite longa de 20 de Maio – e dias adjacentes, conforme as agendas de cada espaço –, está já assegurada a cumplicidade das galerias Kogan (desenho e pintura de Jorge Martins), du Passage (cerâmica de Bela Silva), Mendes (desenho e pintura de Rui Chafes, a dialogar com o acervo desta galeria especializada em arte dos séculos XVII-XVIII), Hélène Bailly (pintura de Cargaleiro, a assinalar o seu 90.º aniversário, mas também de Vieira da Silva e Árpád Szenes), Thorigny (obras de Rodolf Bouquillard, em diálogo com arte africana pré-colonial), Jeanne Bucher/Jaeger (Miguel Branco, Rui Moreira, Michael Biberstein, Vieira e Árpád, numa colectiva com artistas internacionais), Bernard Bouche (obras de José Pedro Croft), Álvaro Roquette/Pedro Aguiar Branco (Adriana Molder, Ana Léon, Maria Beatriz, Maria Loura Estevão, também em articulação com outras obras da galeria).

João Pinharanda adianta outros nomes ainda a confirmar, como a galerie Jean-Kelta Gauthier ou o atelier de arquitectura Macel (respectivamente com fotografia de Daniel Blaufuks e de André Cepeda). E outros ficam já em lista de espera para o próximo ano, para evitar a duplicação de representações em galerias que trabalham com mais do que um artista português. Alguns exemplos: Paula Rego, Helena Almeida, Paulo Nozolino, Julião Sarmento, Francisco Tropa, Nuno Sousa Vieira, Jorge Queiroz, Jorge Molder…

Paralelamente às exposições, a Noite Europeia dos Museus será pretexto para outras iniciativas com marca portuguesa em Paris. Nelas sobressai, no dia 18 de Maio, o encontro Voz às imagens, no Centro Cultural Gulbenkian (CCG). Trata-se de “comemorar o Dia da Língua Portuguesa a partir da relação que o pensamento verbal estabelece com outros tipos de linguagens, fundamentalmente com as do complexo mundo das formas e das imagens”, explica Pinharanda.

A apresentação do mais recente livro de Bernardo Pinto de Almeida, Arte Portuguesa no Século XX. Uma História Crítica; e as presenças do director do CCG, Miguel Magalhães, de Jacinto Lageira, comissário da exposição Ângelo de Sousa. A cor e o grão negro das coisas (aí patente até 16 de Abril), e ainda de Marc Lenot, Sandra Vieira Jurgens, Teresa Castro, Emília Tavares e Margarida Medeiros, Filipa Lowndes Vicente e Gabriel Abrantes, a falarem de arte, literatura, fotografia... Porque a criação portuguesa contemporânea também tem o seu lugar em Paris.

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