Bispo espanhol compara gala drag com acidente de aviação

Familiares dos 154 mortos do acidente aéreo de 2008 em Madrid estão indignados.

A exebição de Drag Sethalas
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A exebição de Drag Sethalas Reuters/BORJA SUAREZ
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Em 2008 um avião da Spanair com destino às Canárias despenhou-se no aeroporto de Barajas, em Madrid, causando a morte de 154 pessoas. O acidente chocou a Espanha e o bispo das Canárias, Francisco Cases, declarou o dia do acidente como o mais triste da sua vida. Porém, as últimas festas de Carnaval causaram tristeza ainda maior ao mesmo responsável, segundo disse o próprio, agastado com uma gala drag queen do carnaval de Las Palmas, em que a vencedora, Drag Sethalas, surgiu vestida com as suas versões da Virgem Maria e de Cristo na cruz. 

“Em conversas com jornalistas e com pessoas disse que o dia mais triste da minha vida tinha sido o do acidente de Barajas, com um avião das Canárias. A partir de hoje direi que que estou a viver agora o dia mais triste. Triunfou a frivolidade e a blasfémia na gala Drag do Carnaval da Canária Grande. Triunfou no número de votos e nos aplausos de uma multidão enfurecida", escreveu num comunicado o bispo. Uma declaração polémica que rapidamente se espalhou e que indignou a associação das famílias das vítimas da Spanair.

Os responsáveis da associação mostram-se-se “indignados” com as declarações, acusando Francisco Cases de “ignorar” que também eles “estão mortos em vida” desde o acidente e “a lutar contra um sistema que lhes nega a justiça”, manifestando-se “feridos” com as palavras do bispo.

A polémica, claro, estendeu-se às redes sociais, com opiniões a favor e contra, e motivou também um comentário no Twitter do arcebispo de Madrid, cardeal Carlos Osorio, que se solidarizou com o bispo das Canárias.  “Generosidade, o diálogo com Deus e o jejum despertam-nos para a verdade. Como o bispo Francisco de Canarias eu digo hoje: não vale tudo”, escreveu na rede social.

A actriz vencedora da gala, Drag Sethalas, afirmou ao jornal ABC que “não queria ofender ninguém”, confessando, porém, que “pretendia ser polémica” e que tal objectivo foi alcançado.

Entretanto, o jornal espanhol Publico revela que a RTVE, a televisão estatal, retirou o vídeo da actuação da sua página online o a pedido da Conferência Episcopal. O canal foi de imediato criticado pela secção sindical da UGT que representa os trabalhadores da estação, acusando os seus responsáveis “de se colocarem de joelhos perante as criticas da Conferência Episcopal”.  “A RTVE não se pode colocar ao lado de uma das partes”, afirmam.

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