Apresentada uma nova versão do Anchiornis, um dinossauro-ave
Reconstituição feita com uma inovadora técnica a laser. Do tamanho de uma galinha, a espécie viveu na China há 160 milhões de anos.
À primeira vista, o Anchiornis parece-se mais com uma ave do que com um dinossauro. A reconstituição detalhada da sua imagem, apresentada esta terça-feira por uma equipa de investigadores na revista Nature Communications, reforça esta percepção. Do tamanho de uma galinha, com uma crista vermelha, corpo coberto de penas pretas e cinzentas com algum branco à mistura, antebraços ligados ao corpo por uma camada de pele e pernas em forma de baqueta, a nova versão do Anchiornis confirma que este dinossauro partilhava muitas características com as aves modernas. Porém, há um mistério que permanece: será que conseguia voar?
A imagem do Anchiornis foi reconstituída através de uma técnica de fluorescência estimulada por lasers. Trata-se de nova ferramenta de imagem para os cientistas que permite recuperar as formas dos ossos e tecidos moles de um fóssil de um animal que viveu há milhões de anos (neste caso, há cerca de 160 milhões) e que dificilmente chega aos nossos dias em boas condições. Há sempre “partes” impossíveis de preservar e que se perdem no tempo. Com a nossa técnica, a equipa de Michael Pittman, da Universidade de Hong King, e Xiaoli Wang, da Universidade Linyi (na China), conseguiram recuperar formas invisíveis a olho nu e apresentaram o retrato mais aproximado possível desta criatura do período Jurássico que viveu na altura em que as aves se separaram dos dinossauros.
Os resultados do trabalho comprovam a previsível mistura. O Anchiornis tinha braços, cauda e patas semelhantes aos de uma ave. Aliás, após a sua descoberta em 2009, no Nordeste da China, esta criatura foi originalmente descrita como uma ave. Porém, os estudos feitos ao longo do tempo acabaram por demonstrar que seria um dinossauro muito parecido com uma ave. E está longe de ser o único dinossauro com penas alguma vez descoberto. O Archaeopteryx, que viveu na Alemanha há cerca de 150 milhões de anos, é considerada a mais antiga e conhecida ave.
Este dinossauro-ave estará algures no meio, em termos de evolução das espécies. Se hoje alguém visse este animal vivo, a reacção seria algo como “é uma ave com aspecto estranho”, admite o paleontólogo Michael Pittman, citado pela agência Reuters, considerando que este estudo representa “um verdadeiro marco no conhecimento das origens das aves”.
O trabalho revelou que esta criatura tinha, por exemplo, uma membrana em frente ao cotovelo, chamada “propatágio”, que é uma das partes essenciais das asas de uma ave e é crucial para o voo. Apesar deste dados, ainda não é possível afirmar com certeza que o Anchiornis sabia voar.
“Alguns cientistas acreditam que poderia planar com base nos braços longos, robustos e emplumados – asas –, mas outros discordam porque as suas penas não eram boas para voar”, nota Xiaoli Wang, arriscando: “Acreditamos que ele provavelmente tinha algum tipo de capacidade aerodinâmica.”
Além das plumas, tinha também dentes pequenos e afiados como os das primeiras aves e, ao que tudo indica, alimentava-se de pequenos animais como lagartos.