Interessados em política e optimistas. São os jovens portugueses

Marcelo Rebelo de Sousa e Assunção Cristas são considerados os políticos portugueses mais sexy numa sondagem da Intercampus em que a maioria dos inquiridos diz não acreditar em vida extraterrestre nem após a morte.

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Os jovens entre os 18 e os 34 anos são os que revelam mais interesse na política Miguel Manso

A maioria dos portugueses considera-se interessada na política mas não confia na instituição Governo. São resultados de uma sondagem realizada em Setembro pela Intercampus a propósito dos 25 anos desta empresa de estudos de opinião, mas nunca divulgada. Uma amostra sobre temas da actualidade em que Marcelo Rebelo de Sousa e Assunção Cristas são apontados como os políticos portugueses mais sexy.

A consulta foi feita em Setembro de 2016 a 635 pessoas em Portugal continental e trata de temas tão distintos como as expectativas quanto ao nível de vida, a confiança nas instituições e questões como a vida extraterrestre ou além-morte. Os resultados são surpreendentes, mesmo quando se trata de avaliar a beleza de figuras públicas.

Desde logo, pelo interesse revelado em relação à política: um total de 64,5% dos inquiridos considera ter um interesse razoável (48,8%) ou mesmo muito interesse (15,7%) nos temas políticos. No pólo oposto, encontra-se uma percentagem idêntica (15,7) das pessoas nada interessadas nestes assuntos, enquanto 18,6% se mostra pouco interessada – o que soma 34,3%.

Os jovens entre os 18 e os 34 anos são os que revelam mais interesse na política (57,3% dizem-se razoavelmente interessados e 12,7 muito interessados, num total de 70%) e em geral os homens revelam um interesse ligeiramente superior ao das mulheres.

Curiosamente, este interesse contrasta com a confiança revelada no Governo. Mais de metade confiam pouco (21,6%)  ou nada (29%, a percentagem mais alta nesta pergunta), e perto ficam também os que não confiam nem muito nem pouco (28,2%). Só 11,7% dizem confiar muito e apenas 36 inquiridos (5,7%) confiam totalmente. A faixa etária entre os 35 e os 54 anos é a dos mais desconfiados e é entre os mais velhos que se encontra a maior fatia dos que acreditam totalmente no Governo.

Não sendo uma sondagem política não há nela perguntas sobre aspectos da governação, partidos ou pessoas concretas em matéria de acção política. Muito menos assuntos que marcam a actualidade deste início de 2017. Mas avaliam-se percepções mais estruturais da sociedade. A começar pelas suas instituições.

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Em termos de confiança, os inquiridos parecem acreditar mais nos hospitais e na polícia do que nos bancos e comunicação social, e ainda menos nas empresas multinacionais e nos tribunais. Olhando para a tabela que vai do 1 (não confia nada) ao 5 (confia totalmente), os hospitais são a instituição que arrecada maior número de avaliações positivas: 44,7% confiam muito e 19,8% totalmente, a que se somam os 24,3% dos que se ficam pelo 3 (nem muito nem pouco). A polícia anda pela mesma ordem de grandeza, ultrapassando mesmo os hospitais na percentagem de quem confia nela totalmente (22,4).

Ao contrário, os bancos e a comunicação social conseguem a percentagem mais alta no meio da tabela (32,9% dizem que não confiam muito nem pouco), mas depois distinguem-se na distribuição dos resultados. Os bancos somam 50% das opiniões desfavoráveis (1 e 2), enquanto os inquiridos se dividem sobre os media: 25,2% confiam pouco, 18,9% confiam muito.

E dividem-se ainda mais em relação aos tribunais: começam nos 16,5% os que não confiam nada, chegam aos 30% os que dizem que não confiam nem muito nem pouco, e depois há cerca de 20% que confiam pouco e outro tanto que confia muito. Uma avaliação semelhante à que têm as empresas multinacionais, ainda assim sem uma desconfiança tão grande no primeiro escalão.

Qualidade de vida? Depende da idade

Três perguntas mostram diferenças geracionais importantes no que diz respeito à qualidade de vida. No geral, sobressai a resposta de mais de metade dos inquiridos quanto ao seu nível de vida actual: 50,6% consideram que não é nem bom nem mau. Mas uma leitura fina mostra que os mais jovens se dividem igualmente entre o bom e o assim-assim, enquanto os mais velhos (acima de 55 anos) são os que menos consideram ter um bom ou muito bom nível de vida.

Também os mais jovens se diferenciam muito dos mais velhos na avaliação de como o nível de vida mudou nos últimos 30 anos: mais de 60% dos sub-34 entendem que a vida melhorou, face aos menos de 44% das pessoas com mais de 55 anos que pensam o mesmo. Estes, por seu lado, são os que mais consideram que a vida piorou nas últimas décadas, e essa percepção é mais acentuada nas mulheres que nos homens.

O optimismo face ao futuro é igualmente mais predominante nas novas gerações. Quase 39% dos sub-34 acham que a vida vai melhorar nos próximos dez anos, uma percentagem 13% superior aos que têm entre 35 e 54 anos e 17% mais do que pensam aqueles que têm mais de 55 anos. Na média, os inquiridos acham que a vida vai piorar (32,1%) na década seguinte.

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Beleza, futebol e outras formas de vida

E agora, as perguntas light. Quem são os políticos portugueses mais sexy? As respostas parecem mostrar que o poder atrai mesmo. Marcelo Rebelo de Sousa, 68 anos, Presidente da República, fica em primeiro lugar, com um terço dos que responderam (ainda que esta pergunta tenha tido 35% de não respondentes), seguido, por ordem decrescente, de José Sócrates, Pedro Passos Coelho, Pedro Santana Lopes, Paulo Portas e António Costa.

No feminino, Assunção Cristas, 42 anos, líder do CDS-PP, foi considerada a política mais sexy, mas com apenas 19,1% dos respondentes, seguida por Joana Amaral Dias, Catarina Martins e Marisa Matias (separadas por seis décimas), Maria Luís Albuquerque e Teresa Caeiro.

E agora: Sporting, Benfica ou Porto? Em primeiro o Benfica (46,3%), em segundo o Sporting (24,6%) e em terceiro o Porto (13,5%). Será? A selecção nacional, neste campeonato, fica em penúltimo, entalada entre o Belenenses (melhor) e o Sporting de Braga.

Tentemos outras formas de vida. Além da morte? Aqui não há indecisos: 45,4% dos inquiridos dizem que sim, 54,6 dizem que não. Ponto. E a possibilidade de existência de vida extraterrestre? Nem pensar, afirmam 64,6%; claro que sim, defendem 35,4%. Num país maioritariamente católico, parece mais difícil conceber qualquer outra forma de vida no universo do que acreditar na sobrevivência da alma.

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