O erro histórico dos Óscares já tem um culpado
Chama-se Brian Cullinan e foi ele quem deu o envelope errado aos apresentadores. Estaria ele distraído com Emma Stone? A Academia veio agora pedir desculpa.
Na segunda-feira a PwC, a consultora que há 83 anos trata das votações para os Óscares, já tinha assumido todas as responsabilidades pelo fiasco na cerimónia de domingo no Dolby Theatre de Los Angeles. Agora foi a vez de a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood vir pedir desculpa pelo facto de os actores Faye Dunaway e Warren Beatty terem chamado ao palco produtores e elenco de La La Land – A Melodia do Amor para receber o Óscar de Melhor filme quando, na realidade, o vencedor era Moonlight.
Num comunicado em que assume que o momento mais importante da noite foi ensombrado por uma gaffe monumental, a Academia “lamenta profundamente os erros” que levaram Dunaway e Beatty (aka Bonnie e Clyde) a anunciar o prémio para o filme de Damien Chazelle e não para o de Barry Jenkins.
No mesmo documento, sublinha a “tremenda elegância” com que todos os envolvidos em ambos os filmes lidaram com o sucedido e reconhece que a experiência da noite foi “profundamente alterada pelo erro [cometido]”.
“Passámos a última noite e o dia de hoje [segunda-feira] a investigar as circunstâncias e vamos decidir o que se justifica fazer daqui para a frente”, lê-se ainda nesta declaração em que volta a referir-se que a PwC, a antiga PricewaterhouseCoopers, assume todas as responsabilidades pelas “violações dos protocolos estabelecidos” que levaram ao anúncio errado.
A empresa, por seu lado, depois de assumir as falhas através do seu próprio comunicado, veio agora, num novo comunicado, identificar o culpado pelo fiasco – Brian Cullinan, um dos sócios da empresa a quem cabia entregar os envelopes com os nomes dos vencedores aos apresentadores ao longo da cerimónia de prémios da indústria de cinema norte-americana.
Cullinan, principal responsável pela equipa que supervisionou o processo de votação dos membros da Academia, e a colega, Martha Ruiz, estavam nos bastidores, um na ala esquerda do palco e outro na direita, e cada um tinha um conjunto completo de envelopes com os nomes dos escolhidos. Reconheceu a PwC que vários erros foram cometidos e que, para agravar a situação, nenhum dos seus funcionários foi capaz de reagir com rapidez mal o erro foi identificado.
Foram precisos mais de dois minutos para que a situação fosse corrigida, com todo o embaraço que esse compasso de espera implica – os produtores de La La Land estavam já a discursar com os agradecimentos do costume e foi mesmo um deles, Jordon Horowitz, quem se encarregou de chamar ao palco os produtores e o elenco de Moonlight para receberem o que era seu por direito, tirando o cartão com o nome do filme de Jenkins das mãos de um atordoado Warren Beatty e exibindo-o para as câmaras.
A PwC pedira já desculpas às equipas de ambos os filmes e reconhecera que tinha “falhado” no propósito de assegurar a integridade da entrega de prémios.
Ao longo do dia de segunda-feira sucederam-se as especulações em relação ao sucedido, com jornais como o Wall Street Journal a avançar com a possibilidade de Brian Cullinan ter cometido o erro por estar demasiado distraído já que, momentos antes do anúncio do Óscar para Melhor Filme, o funcionário da PwC tinha tweetado uma fotografia de Emma Stone nos bastidores segurando a estatueta para Melhor Actriz. O tweet foi depois apagado, mas vários sites guardaram a sua imagem para memória futura.
Texto corrigido às 14h11 para precisar que Brian Cullinan não é apenas um funcionário da PwC, mas um dos seus sócios.