Malásia declara aeroporto como zona limpa de armas químicas

Instalações analisadas em busca de material tóxico, na sequência do assassinato do meio irmão de Kim Jong-un, no início da semana passada.

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Os testes químicos revelaram que não há quaisquer riscos de contaminação no aeroporto relacionados com a arma química usada no crime LUSA/FAZRY ISMAIL

As autoridades da Malásia declararam este domingo que o aeroporto internacional de Kuala Lumpur é uma “zona segura”, depois de não terem sido encontrados vestígios de material tóxico ou venenoso. As buscas foram feitas depois de Kim Jong-nam, meio irmão do líder norte-coreano, ter sido assassinado a 13 de Fevereiro, com recurso ao VX, um gás asfixiante altamente tóxico.

Uma equipa de polícia forense, bombeiros e o conselho de licenciamento de energia atómica fez uma análise ao local para apurar se existiam vestígios químicos mas declarou o local como sendo seguro. Desde que o incidente ocorreu, dezenas de milhares de pessoas passaram pela zona de embarque, estando a zona do crime acessível. Só foi isolada durante o período de análise, tendo o resto do terminal permanecido aberto.  

“Em primeiro lugar, confirmamos que não foi encontrado qualquer matéria perigosa no KLIA2 [divisão low-cost do Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur]; em segundo lugar, o KLIA2 está livre de qualquer forma de contaminação através de matéria perigosa e, em terceiro lugar, o KLIA2 é declarado como sendo uma zona segura”, disse aos jornalistas o comandante da polícia responsável pela equipa de investigação, Abdul Samat Mat.

A polícia da Malásia tinha revelado que o homicídio de Kim Jong-nam foi executado com recurso a um gás asfixiante altamente tóxico, chamado VX, classificado pelas Nações Unidas como sendo uma arma de destruição maciça. “Podem imaginar o VX como uma espécie de pesticida com esteróides, uma substância extraordinariamente tóxica”, explicou na semana passada Bruce Bennet, um especialista em armas do instituto de pesquisa Rand Corporation dos EUA, em declarações à Reuters.

Nas imagens captadas por câmaras de vigilância do aeroporto via-se o momento em que duas mulheres se aproximaram de Kim Jong-nam, tendo uma delas esfregado a cara do homem com um pano – que agora se sabe que continha a substância química letal. As duas mulheres – uma de nacionalidade indonésia e a outra com passaporte vietnamita – foram detidas, juntamente com um homem malaio (namorado de uma delas) e um norte-coreano, todos por suspeita de terem participado no crime. Entretanto, mais sete norte-coreanos foram identificados como suspeitos ou chamados para interrogação.

O VX não tem odor nem sabor mas funciona como um agente nervoso capaz de matar em poucos minutos, se for misturado com água; se for inalado em vapor, actua numa questão de segundos. A exposição a uma grande dose de VX por qualquer via – contacto com a pele, olhos, inalação de vapor ou ingestão – pode resultar em convulsões, perda de consciência, paralisia e insuficiência respiratória, conduzindo à morte.

A substância foi oficialmente banida em 1993 pela Convenção de Armas Químicas, e todos os países que assinaram o tratado da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) comprometeram-se a destruir as armas químicas. A Coreia do Norte faz parte do restrito número de países que não assinaram o acordo, tal como o Egipto, Israel e Sudão do Sul. Também a Rússia e os EUA admitiram ter o químico letal.