Deputados municipais não querem que prédio dos anos 70 seja hotel pombalino

Recomendações do BE e do PCP na Assembleia Municipal de Lisboa foram aprovadas por larga maioria.

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Nuno Ferreira Santos

Os deputados da Assembleia Municipal de Lisboa pediram esta terça-feira à autarquia liderada por Fernando Medina que não autorize a transformação de um prédio dos anos 70 num hotel com estética pombalina, como é proposto por uma sociedade de investimentos imobiliários para um imóvel do Largo Rafael Bordalo Pinheiro, perto do Chiado.

As duas recomendações apresentadas pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda sugerem que o edifício, da autoria dos arquitectos Diogo José de Mello e João Andrade e Sousa e decorado com painéis de azulejos de António Vasconcelos Lapa, seja classificado como "bem de interesse municipal", o que suspenderia imediatamente o processo em apreciação na câmara. Tal como o PÚBLICO noticiou no início de Fevereiro, o projecto a que os serviços de Urbanismo querem dar luz verde visa alterar o aspecto deste prédio, construído entre 1974 e 1977, de modo a que tenha "uma imagem arquitectónica mais integrada com a envolvente edificada" e reflicta uma "reinterpretação contemporânea" da arquitectura pombalina.

Para os deputados do Bloco, o prédio está "bem inserido arquitectonicamente" e é mesmo "um dos melhores exemplares da arquitectura de Lisboa nos anos 70 do século passado". Já para os deputados comunistas, "ao invés de valorizar e proteger o que existe, a cidade confronta-se com mais uma apropriação abusiva do seu património edificado, para o substituir pelo pastiche de um estilo arquitectónico".

Ambas as recomendações foram aprovadas por maioria, apenas com a abstenção de alguns deputados independentes e, no caso do documento bloquista, também com abstenção do PSD.

Entretanto já chegou à assembleia municipal a petição que foi lançada logo no dia seguinte à divulgação da história pelo PÚBLICO. Com cerca de mil e duzentas assinaturas, a petição também pede à câmara que não despache favoravelmente este processo, considerando que o mesmo é “um total branqueamento da história da cidade através da adopção de pastiches desnecessários”.

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