Empresa de Coimbra adapta brinquedos para crianças com paralisia cerebral
Desde Novembro, engenheiros da Critical Software adaptaram cerca de 20 brinquedos que vão ser entregues à Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra
Funcionários da empresa portuguesa sediada em Coimbra Critical Software adaptaram brinquedos para crianças com paralisia cerebral, num projecto de voluntariado que ainda envolveu a criação de um novo software que facilita a comunicação. Esta quarta-feira, 22 de Fevereiro, algumas das crianças do jardim-de-infância da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC) deslocam-se às instalações da empresa de base tecnológica para conhecer os engenheiros que desde Novembro adaptaram cerca de 20 brinquedos que são agora entregues à instituição.
A colaboração começou com uma formação da associação sobre brinquedos adaptados aos engenheiros da Critical Software, horas essas que foram disponibilizadas pela empresa, informou a APCC. A adaptação dos brinquedos consistiu na utilização de um switch — uma espécie de botão em ponto grande — que permite que as crianças accionem o brinquedo, que normalmente funciona através de botões muito pequenos e de difícil utilização.
Para além da adaptação de brinquedos, os funcionários da Critical decidiram ir mais longe e recriaram um aparelho, intitulado dial scan, que permite às crianças comunicar com técnicos e pais através de imagens ou símbolos, disse à agência Lusa Bernardo Patrão, engenheiro da empresa, que, por estar mais ligado ao software, decidiu aplicar os seus conhecimentos nessa área.
O aparelho em acrílico utiliza um ponteiro que vai rodando em torno de uma série de imagens amovíveis, que pára quando accionado pela criança a partir de um botão. O dial scan "era caríssimo", explanou Bernardo Patrão, referindo que na Critical decidiram "fazer algo igual, mas "através de software", podendo ser utilizado no computador. O resultado foi um site que qualquer pessoa pode utilizar e que recria o aparelho analógico utilizado na APCC, afirmou o membro da empresa tecnológica de Coimbra, acrescentando que o código utilizado é opensource, permitindo que qualquer pessoa no mundo possa pegar nesse mesmo código e acrescentar-lhe funcionalidades.
"Foi um encontro de vontades. [A adaptação de brinquedos] já era uma coisa que a APCC fazia a título caseiro", sublinhou a membro da direcção da associação Teresa Paiva, realçando que, depois do workshop ministrado por técnicas, os funcionários da Critical "ficaram todos entusiasmados", procurando "explorar outras formas de adaptar os brinquedos". Teresa Paiva destacou ainda a criação do software que permite utilizar o dial scan em qualquer computador — o que vai ajudar "imenso" na comunicação com as crianças.
"Foi uma enorme ajuda", realçou. Os brinquedos agora adaptados vão integrar o espólio da Oficina do Brinquedo da instituição, dirigida a crianças e jovens com necessidades educativas especiais, onde são disponibilizados brinquedos, jogos, livros e outros materiais, através de um sistema de requisição.