Irmã do rei de Espanha absolvida no caso Nóos. Iñaki Urdangarin condenado

Marido da infanta Cristina foi condenado a seis anos e três meses de prisão, por fraude e desvio de dinheiro.

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Cristina de Borbón, irmã do rei de Espanha, foi absolvida no caso em que o marido e um sócio eram acusados de terem desviado milhões de euros dos cofres públicos a coberto de organizações de eventos desportivos e congressos entre 2004 e 2007. Iñaki Urdangarin foi condenado a seis anos e três meses de prisão. 

Numa primeira reacção ao desfecho de um caso que ensombrou os últimos anos do reinado de Juan Carlos, fontes do palácio real asseguraram ao jornal El País "o absoluto respeito pela independência do poder judicial". Ao chegar ao trono, Felipe VI retirou à irmã o título de duquesa de Palma, tendo mantido o afastamento que o pai impôs a Cristina perante a sua recusa em distanciar-se do marido.

A sentença do mediático caso – foi a primeira vez na história que um membro da família real se sentou no banco dos réus – foi comunicada aos advogados dos 17 arguidos nesta sexta-feira de manhã, mais de seis meses depois da última sessão do julgamento. Cristina e o marido vivem actualmente em Genebra e, segundo o jornal El País, o Ministério Público poderia requerer a prisão imediata do cunhado do rei Felipe caso a sentença fosse superior a seis anos e considerasse haver risco de fuga. 

Cristina foi absolvida da acusação de delito fiscal por, alegadamente, ter beneficiado de parte do dinheiro desviado pelo marido através de uma sociedade familiar, mas foi-lhe imposta uma multa de 265 mil euros, a título de responsabilidade civil por benefícios indevidos. Através do seu advogado, a irmã do rei disse estar "satisfeita com o reconhecimento da sua inocêndia" e reafirmou que "continua convencida da inocência" do marido.

Urdangarin foi condenado pelos crimes de prevaricação, desvio de fundos, fraude, tráfico de influências e crimes fiscais. A pena mais pesada do caso foi atribuída a Diego Torres, seu sócio no Instituto Nóos, condenado a oito anos e meio de prisão e a uma multa de 1,7 milhões de euros por fraude, tráfico de influências e branqueamento de capitais. A mulher, Ana Maria Tejeiro, foi também absolvida, enquanto Jaume Matas, antigo dirigente do Partido Popular espanhol e presidente do governo autónomo das ilhas Baleares, foi condenado a três anos e oito meses de prisão por prevaricação e fraude. 

O Ministério Público pedia 19 anos de prisão para Urdangarin, a quem acusava de usar os seus conhecimentos e influências para conseguir a organização de vários congressos e eventos desportivos realizados nas ilhas Baleares e em Valência e também a falhada candidatura de Madrid à organização dos Jogos Olímpicos de 2016. Parte do dinheiro terá sido desviado e as autoridades acusavam os dois sócios de terem falsificado documentos para enganar o fisco, num esquema que terá lesado os cofres públicos em mais de 4,5 milhões de euros.

O tribunal deu como provado que a influência do cunhado do actual rei foi decisiva para Matas atribuir ao Nóos a organização de duas edições de um fórum de turismo regional, mas não as acusações relativas a Valência e Madrid, o que explica a pena bem inferior à pedida pela acusação. 

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