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Autarcas preferem ver Alverca na rota dos voos executivos

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Autarcas querem articular funcionamento da pista com a OGMA RUI GAUDÊNCIO

Canalizar para a pista de Alverca os voos executivos que hoje em dia já se defrontam com falta de resposta no Aeroporto Humberto Delgado é, nesta altura, o principal objectivo dos autarcas do concelho de Vila Franca de Xira. Os órgãos municipais já se pronunciaram várias vezes sobre o assunto e a Câmara levou esta posição ao Governo e ao Estado-Maior da Força Aérea. A ideia dos autarcas vila-franquenses é articular mais o funcionamento da pista com a vizinha Ogma, reforçando o papel desta indústria na manutenção da aviação executiva. E defender, também, a transferência para Alverca da operação da Força Aérea actualmente feita em Figo Maduro e dos serviços de manutenção da TAP, que hoje ocupam espaços significativos da Portela.

Há cinco anos, quando se iniciaram os estudos para a escolha de uma pista que complementasse a antiga Portela, os autarcas vila-franquenses ainda chegaram a defender a opção por Alverca. Mas faziam depender essa hipótese da melhoria das ligações rodoviárias a Lisboa. Surgiram, então, informações que davam conta da alegada “incompatibilidade” de funcionamento entre a Portela e Alverca, porque os corredores de acesso das aeronaves seriam semelhantes. Essa conclusão técnica não convence os eleitos de Vila Franca, mas percebendo que os impactes ambientais sobre zonas do concelho densamente povoadas poderiam ser grandes, optaram, nos últimos anos, por reivindicar apenas os voos executivos.

“Se não querem que Alverca funcione como pista complementar, que seja pelo menos uma pista para voos executivos, voos que Lisboa já não consegue receber”, disse, ao PÚBLICO, o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, que julga que assim se poderiam desenvolver também sectores complementares de manutenção, de hotelaria e até uma escola de pilotagem.

Também por isso, a Assembleia Municipal aprovou, no final do ano passado, por unanimidade, um documento apresentado por António Galamba (membro da antiga direção do PS liderada por António José Seguro) que reclama “mais clareza” na avaliação das diferentes opções e que “sejam tidas em devida conta as potencialidades de Alverca para acolher os voos executivos que se dirigem a Lisboa”.

Só que, para a CDU vila-franquense, há preocupações ambientais a ter em conta, desde logo pela proximidade da pista com Alverca e com a Póvoa de Santa Iria – as duas maiores cidades do concelho, situadas a menos de um quilómetro. “O que queremos é potenciar aquela pista, não tanto para voos low-cost, que poderiam trazer problemas para Alverca e para a Póvoa, mas para voos executivos”, acrescenta Alberto Mesquita, afirmando que a pista de Alverca “é a melhor do país” e deve ser uma alternativa nesta ponderação.

Criada em 1919, a pista alverquense, paralela ao Tejo, funcionou até 1940 como o primeiro aeroporto internacional português. Na década de 60 teve um papel importante no contexto da Guerra Colonial, até porque é vizinha também do Depósito-Geral de Material da Força Aérea. Nos últimos anos serve quase exclusivamente para movimentação das aeronaves reparadas na Ogma. 

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