Metro vai envolver Souto de Moura no desenho das novas linhas
Arquitecto e a Metro do Porto estão a negociar os moldes em que esta participação será feita, com o objectivo de manter a coerência com as estações actuais.
O arquitecto Eduardo Souto de Moura, responsável pelo desenho das estações e a inserção no espaço público da rede do Metro do Porto vai ficar ligado aos dois novos troços anunciados: o prolongamento da Linha D (Amarela) até Vila d’Este, em Vila Nova de Gaia, e a nova Linha G (Rosa), que ligará a Estação de S. Bento à Casa da Música. O PÚBLICO sabe que este envolvimento está a ser já negociado, não estando garantindo se o vencedor do Pritzker agirá como supervisor do desenho das novas estações, para garantir a harmonia com o existente, ou se será ele mesmo a desenhá-las.
Esta terça-feira os administradores da Metro foram à reunião da Câmara do Porto apresentar a Linha Rosa à vereação. A nova linha com 2,7 quilómetros e totalmente subterrânea vai permitir que a ligação entre a Estação de S. Bento e a Casa da Música seja feita em cinco minutos. É este o tempo previsto para percorrer todo o trajecto da nova estação Liberdade/S. Bento até à Boavista/Casa da Música, passando pelas estações da Galiza e Hospital de Santo António. Jorge Delgado, presidente do conselho de administração da Metro do Porto explicou algumas das especificidades da Linha G, cujo custo será de 181 milhões de euros.
O responsável indicou que a estação da Galiza funcionará como “um interface” e Gonçalo Gonçalves, também da administração da empresa pública, explicou que esta será “uma linha na zona de alta pressão de procura e que não vai inviabilizar a futura linha do Campo Alegre, podendo até ser assumida como um pequeno troço dessa linha”.
Jorge Delgado explicou também que a estação Liberdade/S. Bento terá uma ligação pedonal à actual estação de metro de S. Bento e irá também permitir o acesso aos comboios, ficando “preparada para o caso de se decidir avançar, a partir daqui, para Campanhã”. “Temos duas estações que para nós são apenas uma”, sintetizou. Já nas imediações do Hospital de Santo António, o metro terá que fazer um percurso um pouco sinuoso que inclui a passagem por baixo do Túnel de Ceuta e a garantia que será “evitada a destruição completa do Jardim do Carregal”. afirmou o administrador.
O responsável da Metro do Porto garantiu, aliás, que é “uma preocupação” da empresa encontrar soluções tanto para este jardim como para o jardim da rotunda da Boavista, depois de o vereador do Urbanismo, Manuel Correia Fernandes, o ter questionado sobre um eventual “risco para as árvores” deste último espaço. As soluções não estão, contudo, encontradas, uma vez que – lembrou Jorge Delgado – “há estudos prévios feitos, mas não há projecto”.
A Linha Rosa deverá começar a ser construída em 2019 e não se prevê que esteja concluída antes de 2021. A Metro estima que esta linha sirva uma média de cerca de 33.300 clientes nos dias úteis (descendo, a média global, para um pouco menos de 27.800 clientes), o que se refere a uma média de 11 mil clientes por quilómetro – bem mais do que a média global da rede, que não ultrapassa os 2400 clientes por quilómetro.
A frequência de veículos duplos será, quando a operação estiver em velocidade cruzeiro, de 24 por hora e sentido, duplicando o que se espera que venha a acontecer no arranque da actividade, com a passagem de 12 veículos a cada hora. A velocidade máxima permitida será a do resto da rede: 80 quilómetros por hora.
A Metro quer lançar o concurso para o projecto de execução em Março, prevendo que a sua elaboração só fique concluída em Maio de 2018. Segue-se o concurso de construção e o sua implementação no terreno, num prazo estimado de 30 meses, entre Janeiro de 2019 e Junho de 2021.
Pizarro quer que o Governo assuma passivo da Metro do Porto
O vereador da Habitação e Acção Social na Câmara do Porto, Manuel Pizarro, considerou que os autarcas da Área Metropolitana do Porto estão “em condições de iniciar um diálogo com o Governo, com vista à resolução do passivo histórico da Metro do Porto”. O socialista defendeu que “não há nenhuma boa razão para que esta questão não seja resolvida” e sugeriu que, se não houver outra alternativa, “que se faça, a prazo, o que foi feito com a Carris, passando a propriedade da Metro para a Área Metropolitana do Porto”. O autarca lembrava que foi no âmbito de processo de municipalização da empresa de transportes públicos de Lisboa que o Governo assumiu a dívida histórica da empresa, argumentando que o mesmo poderia ser feito pelo metro portuense.
Os vereadores da Câmara do Porto manifestaram-se satisfeitos com o anúncio da expansão do metro, apesar de considerarem que “sabe a pouco”, como caracterizou Amorim Pereira, do PSD. Pedro Carvalho, da CDU, concordou que sim, “sabe a pouco, mas não pode ser desvalorizado”. “É algo positivo para a cidade, para o desenvolvimento do Porto e para uma estratégia de mobilidade”, disse, em sintonia com o vereador do Ambiente, Filipe Araújo, que lembrou que este é mais um passo na conquista da qualidade de vida da cidade, sendo este “o factor mais importante na competitividade das cidades”.