Activista da oposição russa sai do coma, após indícios de envenenamento

Em dois anos, Vladimir Kara-Murza foi hospitalizado duas vezes com sintomas de ter sido envenenado. Família culpa Kremlin.

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Em 2005, Kara-Murza foi também envenenado, sem que se descobrisse com quê DR

Pela segunda vez em dois anos, o activista da oposição russa Vladimir Kara-Murza deu entrada num hospital em estado de coma, sob suspeita de ter sido envenenado. E, tal como em 2015, o político conseguiu recuperar e acordou do coma esta quinta-feira, revelou a sua mulher à CNN.

Os médicos que assistiram o activista de 35 anos admitem que a causa para o estado de Kara-Murza foi a acção de uma “substância tóxica”. A mulher do político não tem dúvidas de que se tratou de envenenamento e aponta o dedo ao Kremlin. “O Governo russo e o Presidente [Vladimir] Putin foram responsáveis pelo que aconteceu ao meu marido há dois anos e também agora, de uma forma ou outra. Não digo que foram eles que o fizeram, mas criaram um clima no nosso país que na verdade encoraja este tipo de comportamento”, afirmou Evgenia Kara-Murza.

Em 2015, o ex-jornalista passou por um episódio semelhante. Depois de ter dado uma série de conferências em várias cidades russas, Kara-Murza foi hospitalizado em Moscovo. Enquanto os médicos tentavam determinar o que causava o mal-estar do activista, alguns dos seus principais órgãos começaram a falhar, obrigando-o a necessitar de suporte artificial para se manter vivo.

Os médicos concluíram que o político tinha sido envenenado, mas não conseguiram determinar a origem da substância. Desde então permaneceu a suspeita de que tinha sido envenenado por causa da oposição política que fazia ao Kremlin.

Depois de trabalhar como correspondente em Washington para um canal de televisão, Kara-Murza juntou-se ao movimento de oposição a Putin criado pelo milionário Mikhail Khodorkovski, que hoje vive exilado na Suíça, depois de ter passado mais de dez anos na prisão.

A Rússia tem uma longa história de assassínios de opositores ao Governo, muitos dos quais através de envenenamento. Um dos casos mais recentes foi o do ex-primeiro-ministro Boris Nemtsov, executado há dois anos perto do Kremlin.

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