Produtores de fruta à espera de poder exportar para China e México

Ministro da Agricultura diz que as autoridades mexicanas têm feito "exigências difíceis de cumprir", como a obrigação de haver fiscais mexicanos em Portugal a controlar as exportações.

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pp paulo pimenta

A abertura de novos mercados continua a estar na agenda dos produtores de fruta e legumes, dependentes das autorizações fitossanitárias para poderem vender produtos fora do espaço europeu. Depois de, no ano passado, a Colômbia ter autorizado a entrada de pêra rocha e de também o Peru ter dado, este ano, luz verde a produtos portugueses, ainda falta garantir as exportações para a China e para o México, países considerados "estratégicos" para a Portugal Fresh, a associação que promove as frutas, legumes e flores nacionais.

"Para a Colômbia já exportamos pêra e maçã mas é importante agora abrir a China e o México. São estratégicos, sobretudo, no nível de volume que podem levar. Só a Cidade de México tem 20 milhões de potenciais clientes", diz Gonçalo Andrade, vice-presidente da Portugal Fresh. Mais do que o valor das exportações, os dois países podem ser determinantes para escoar grandes volumes de produção e "ajudar a diminuir a pressão de outros mercados", detalha.

A entrada na China e no México está a ser negociada há anos. No caso do México, em 2015 a ex-ministra da Agricultura, Assunção Cristas, anunciou que estaria para breve a aprovação mexicana para a entrada de fruta portuguesa. O processo estava encaminhado e a abertura iria concretizar-se  em "semanas", mas não houve evolução. Também o actual titular da pasta, Capoulas Santos, disse, em 2016, que estavam a ser feitos esforços para desbloquear os entraves fitossanitários em 23 países, incluindo no México.

Nesta quarta-feira em Berlim, de visita à Fruit Logistica (uma das mais importantes feiras empresariais do sector), o ministro da Agricultura adiantou que as autoridades mexicanas têm "colocado exigências difíceis de cumprir, como por exemplo ter de haver fiscais mexicanos nas operações a partir de Portugal". "Continuamos a negociar", disse. Questionado sobre a China, Capoulas Santos adiantou que já é possível exportar carne de porco. Na lista de espera estão três produtos agrícolas, incluindo a maçã e a pêra rocha. "É preciso abrir novos mercado mas também consolidar os que já temos abertos", defendeu.

Novos produtos, novos mercados

Espanha continua a ser o maior cliente de Portugal, absorvendo 28,8% das exportações de frutas e legumes nacionais. Segue-se França, Reino Unido e Alemanha (que em 2014 ocupava a nona posição). "Até Novembro deste ano houve um aumento de 6% nas exportações e acreditamos que o ano tenha terminado ligeiramente acima. Houve muito investimento, novas explorações e novos pomares e há uma procura de novos mercados", diz Gonçalo Andrade, lembrando o objectivo de o sector conseguir atingir os 2000 milhões de euros de exportações em 2020 (obteve 1240 milhões em 2015). O vice-presidente da Portugal Fresh sublinha que há cada vez mais diversidade na oferta, antes muito concentrada na pêra rocha. "Portugal começa a ser conhecido pela diversidade de produtos. Só assim conseguimos aumentar a exportação", afirma.

 Além dos frutos vermelhos, que já superaram em valor a campeã das exportações (a pêra rocha), há novas produções a surgir como a da ervilha doce ou investimentos na área do pinhão, como o da Pine Flavour. Pedro Amorim, responsável de vendas, revela que a fábrica instalado em Grândola deverá processar 90 toneladas de pinhão em 2017. O objectivo é conseguir introduzir em Portugal mais produto nacional, em detrimento de variedades vinda de outros países. "Temos um pinheiro manso fabuloso mas só absorvemos 30% da matéria-prima nacional. O resto é exportado para países, como Espanha e Itália, que lhe dão valor acrescentado", disse. O preço é um entrave ao consumo: cada português consome em média 9 gramas de pinhão por ano, um alemão consome 180 gramas. "Em Portugal o preço é elevado face ao rendimento médio, mas não percebo porque é que se atingem valores tão elevados na grande distribuição face ao preço de saída da fábrica. A Alemanha não tem produção de pinhão e consegue ter preços mais baixos", lamenta, revelando que entre a saída da fábrica e a prateleira o preço por vezes "mais do que duplica".

O PÚBLICO viajou a convite da Portugal Fresh

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