Costa: bastaram duas semanas de Trump "para se perceber a importância de uma Europa forte"

À chegada à cimeira de líderes europeus em Malta, o primeiro-ministro português criticou as últimas decisões norte-americanas em relação aos imigrantes.

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LUSA/JOÃO RELVAS

António Costa destacou nesta sexta-feira a diferença entre as estratégias da União Europeia e dos EUA na gestão da política migratória e combate ao terrorismo.  "A nossa resposta não é construir muros. Não é impedir nacionalidades de entrarem na Europa”, mas sim investir na resolução dos conflitos que causam essas deslocações, disse o primeiro-ministro português, à chegada à cimeira informal de líderes europeus que esta sexta-feira decorre La Valetta, Malta.

Costa sublinhou a importância e responsabilidade de a Europa "dar hoje ao mundo um bom exemplo de como a gestão dos fluxos migratórios pode ser feita de um modo diferente do que a política de muros, que nada resolve e que simplesmente viola a dignidade dos seres humanos”.

Apesar das diferenças nas estratégias entre Washington e Bruxelas, António Costa sublinhou a importância de “saber preservar a relação histórica que a Europa tem com os Estados Unidos”, que não deve ser afectada pela “actual conjuntura”.

Em nome dos líderes europeus, Costa deixou também um aviso: “Não estamos disponíveis para que os Estados Unidos contribuam para uma divisão europeia”, reforçando que “a resposta é cooperação”.

Para António Costa, a estratégia europeia deverá passar pela diminuição da necessidade de procurar protecção na Europa. “É nessa política que a Europa se distancia daquilo que é a nova política norte-americana”, destacou.

O governante português defendeu a necessidade de “investir para contribuir para a paz, democracia e estabilização de todos os países, em particular de África, para combater as causas dos fluxos migratórios”. 

Questionado sobre a avaliação que fazia dos primeiros 15 dias de Trump, o primeiro-ministro resumiu: “Está à vista de toda a gente o que é”.

“Creio que, para os mais cépticos, bastaram duas semanas da nova Presidência norte-americana para se perceber a importância de termos uma Europa forte e uma Europa unida. Uma Europa capaz de se afirmar no mundo no domínio da defesa, no domínio da política comercial, na política da gestão dos fluxos migratórios, e unida internamente”, argumentou.

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