Livros do Plano Nacional de Leitura: "A escolha é subjectiva, discutível e criticável", diz Marcelo
Presidente da República comentou a polémica com livro de Valter Hugo Mãe e sustentou que não se deve "dramatizar" .
O Presidente da República desvalorizou nesta terça-feira a polémica suscitada pela inclusão do romance de Valter Hugo Mãe O Nosso Reino nas leituras recomendadas ao 3.º ciclo, considerando que todas as escolhas são subjectivas e criticáveis.
Invocando a sua experiência como professor universitário, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que o processo de escolha das leituras "é sempre um processo complicado": "o que se escolhe e aquilo que não se escolhe, a adequação à idade, o diálogo permanente com a comunidade educativa, com os pais e os encarregados de educação, com os professores", observou.
Questionado sobre a contestação de alguns pais de alunos do 8.º ano à inclusão do livro no Plano Nacional de Leitura, por conter frases de cariz sexual, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que não se deve "dramatizar" e frisou que "como tudo na vida, a escolha é subjectiva, é discutível e criticável".
O Presidente da República considerou ainda "salutar haver o debate sobre a matéria", porque é através do debate "que se vai melhorando".
"Não é nenhum drama, faz parte da vida", acrescentou.
O Nosso Reino estava nas listas dos livros de leitura recomendada para o 3.º ciclo do ensino básico, que abrange 7.º, 8.º e 9.º anos, portanto, alunos com idades entre os 12 e os 15 anos.
Na segunda-feira, o comissário do Plano Nacional de Leitura, Fernando Pinto do Amaral, disse à Lusa que a obra sairá das leituras recomendadas no 3.º ciclo e passará a constar apenas da lista recomendada ao secundário, a partir do 10.º ano.
O comissário argumentou que o livro entrou na lista do 3.º ciclo "por lapso", já que originalmente tinha sido escolhido para o secundário.
O Presidente da República falava aos jornalistas no final de uma iniciativa que reuniu no Palácio de Belém o escritor Miguel Sousa Tavares e alunos do colégio Nossa Senhora da Conceição, de Guimarães.
A iniciativa, designada "Escritores no Palácio de Belém", contará com a participação de 30 autores de obras recomendadas pelo Plano Nacional de Leitura e de 30 estabelecimentos de ensino, públicos e privados, de todo o país.