Tusk incluiu Trump na lista de ameaças à UE

Presidente do Conselho Europeu diz que "declarações preocupantes da nova Administração" contribuem para tornar mais imprevisível o futuro da União.

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Ints Kalnins/Reuters

Indignada com os comentários de Trump sobre o “Brexit” e o desejo de que outros países sigam o exemplo do Reino Unido, a União Europeia começa a endurecer o discurso com um aliado que sempre considerou essencial – nesta terça-feira, foi a vez de Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, colocar a nova Administração norte-americana entre as principais ameaças ao futuro da União.

A tomada de posição surge na carta que enviou aos governos dos 27 Estados-membros que vão participar na cimeira informal de sexta-feira em Malta, para continuar a discussão sobre o futuro da UE iniciada na cimeira de Bratislava, em Setembro. A reflexão, desencadeada pelo referendo que ditou a saída britânica da UE, ganhou nova dimensão perante a eleição de Trump que, ainda antes da tomada de posse, disse que a UE se tornou um “veículo para a Alemanha” reforçar o seu poder e previu que a crise dos refugiados vai acelerar a sua desagregação.

Na carta Tusk afirma que a UE enfrenta os maiores desafios dos seus quase 60 anos de História, tendo de lidar com a crescente “assertividade da China”, as “políticas agressivas da Rússia” em relação aos países vizinhos e o “radicalismo islâmico” que continua a desestabilizar o Médio Oriente e Norte de África. Estas ameaças externas, “bem como as declarações preocupantes feitas pela nova Administração americana tornam o nosso futuro altamente imprevisível”, sublinha o presidente do Conselho.

Num recado a Trump, mas também aos partidos populistas, Tusk sublinha, porém, “que a desagregação da UE não levará à restauração de uma soberania mítica e plena dos Estados-membros”, mas conduzirá “a uma maior dependência das superpotências: os EUA, a Rússia e a China”. “Temos, por isso, de ser mais assertivos e [adoptar] passos decisivos capazes de mudar as emoções colectivas e reavivar o desejo de levar a integração europeia a um novo nível”.

Já na véspera, Guy Verhofstadt, o líder dos liberais-democratas no Parlamento Europeu, tinha incluído o actual governo dos Estados Unidos – que a Europa se habituou a ver como um defensor inabalável do projecto de integração europeu – ao lado do Presidente russo, Vladimir Putin, e dos radicais islâmicos na lista de ameaças ao futuro da UE.

Também na véspera, diplomatas e altos representantes nacionais estiveram reunidos em Bruxelas para discutir uma possível resposta conjunta às afirmações do Presidente norte-americano, adiantam fontes europeias, citadas pela Reuters. No entanto, vários governos pediram prudência, afirmando que a Europa não pode hostilizar tão rapidamente o seu principal aliado internacional. 

 

 

 

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