François Fillon e a mulher interrogados pela justiça francesa
Em causa estão as suspeitas em torno do emprego da mulher do candidato da direita francesa às presidenciais.
O candidato da direita francesa às eleições presidenciais deste ano, François Fillon, está a ser interrogado pela justiça francesa, tal como a sua mulher, no âmbito da investigação ao emprego fictício de Penepole Fillon.
O Tribunal Central de Luta contra as Infracções Financeiras e Fiscais abriu um processo preliminar a Fillon, que admite ter contratado a mulher, Penelope Fillon, como assistente parlamentar, entre 1998 e 2002, recebendo um ordenado bruto de 3900 euros, e de novo seis meses em 2012, com um salário de 4600 euros. Entre 2002 e 2007, enquanto Fillon foi ministro, Penelope foi assistente do deputado que o substituiu, mas com salário ainda maior: de 7900 euros brutos. Nos cálculos do semanário Le Canard Enchainé, que revelou o caso, a mulher de Fillon recebeu cerca de 500 mil euros (brutos) do erário público francês.
Fillon, que se apresenta como o candidato da “transparência” e da “honestidade”, prometendo cortes na Segurança Social não nega os factos. Diz até que, a certa altura, também empregou os dois filhos advogados. Mas perante as acusações de que o emprego de Penelope Fillon era fictício - o jornal ouviu testemunhas que disseram nunca a ter visto no Parlamento -, o candidato garante que a mulher fazia um trabalho importante.
Fillon já tinha dito que queria ser ouvido pelas autoridades e garantiu que desistirá da sua candidatura se for formalmente acusado neste caso.
Uma fonte ligada ao processo, citada mas não identificada pela Reuters, avançou que o empresário Marc Ladreit de Lacharriere também foi interrogado, porque a sua holding Fimalac detém a revista literária La Revue des Deux Mondes, que o Le Canard Enchaine diz ter pago a Penelope Fillon outros cem mil euros por muito pouco trabalho.
Na mais recente sondagem, publicada no domingo pelo Le Figaro, François Fillon obtém 22% das intenções de voto, muito próximo do independente Emmanuel Macron (21%), na luta pelo segundo lugar na primeira volta das presidenciais que se realizam a 23 de Abril. Ambos estão atrás da candidata de extrema-direita Marine Le Pen (25%). A sondagem da firma Kantar-Soffres diz ainda que Le Pen seria sempre derrotada na segunda volta, fosse frente a Fillon, fosse contra Macron.
Alan Juppé e Nicholas Sarkozy, dois dos candidatos derrotados nas primárias da direita francesa, já se mostraram indisponíveis para se candidatarem caso Fillon desista.