Alemanha detém o maior excedente externo do mundo

A maior economia do euro terá ficado à frente da China em 2016, com um superavit de 297 mil milhões de dólares.

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As exportações alemãs, apoiadas na rede de PME, são o motor da economia do país Nuno Ferreira Santos

As exportações da Alemanha voltaram a acelerar no ano passado, impulsionando o resultado positivo da balança de transacções correntes. Com um superavit de 297 mil milhões de dólares (277 mil milhões de euros ao câmbio actual), a Alemanha fica na linha da frente como o país com o maior excedente externo do mundo.

Os números, ainda provisórios, são do instituto económico Ifo, de Munique, que estima que a China tenha ficado em segundo lugar a nível mundial, com um excedente de 245 mil milhões de dólares (229 mil milhões de euros).

A balança de transacções correntes corresponde à diferença entre a entrada e a saída de bens, serviços, rendimentos (como dividendos e juros, por exemplo) e transferências de capitais entre países.

No caso alemão, onde o valor é tradicionalmente positivo, esse excedente chegou a representar 8,3% do PIB da Alemanha em 2015 e voltou a crescer no último ano. A estimativa divulgada nesta segunda-feira pelo Ifo aponta para um saldo positivo de 8,6%, de novo acima do valor recomendado pela Comissão Europeia.

À volta de dois terços das vendas ao exterior devem-se à rede de Pequenas e Médias Empresas (PME) inovadoras que servem de motor económico da Alemanha. E é graças sobretudo ao comércio de bens que se explica o excedente alemão. Até Novembro, refere o Ifo, o comércio de mercadorias registou um excedente de 255 mil milhões de euros.

“O factor-chave foi a maior procura por parte dos restantes países da zona euro, bem como países europeus exteriores à União Europeia”, refere o mesmo instituto, sublinhando ainda que os pagamentos recebidos pela Alemanha do exterior em termos de rendimentos foram positivos em 53 mil milhões de euros.

Para a Comissão Europeia, quando um país tem um excedente das contas correntes acima de 6% durante três anos consecutivos, como é o caso da Alemanha, é sinal de um desequilíbrio macroeconómico, algo que já motivou recomendações por parte de Bruxelas.

Tanto a Comissão Europeia como o Fundo Monetário Internacional (FMI) têm, porém, reforçado os apelos para que o Governo de Angela Merkel aumente o consumo interno e as suas importações, para que, reduzindo o seu excedente externo, ajude a corrigir desequilíbrios externos, nomeadamente em relação aos parceiros da zona euro.

Berlim tem desvalorizado as críticas, lembrando o conjunto de medidas lançadas nos últimos anos com o intuito de incentivar a procura, como a introdução do salário mínimo em 2015, o aumento das pensões e projectos de investimento público.

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