China
Chunyun, ou o ansiado regresso a casa de Wang
Wang Pengfei é um entre milhões naquela que é considerada a maior migração humana do mundo. Todos os anos, por altura da celebração do novo ano chinês, o país mexe-se na cadência do Chunyun, o nome dado ao fluxo populacional originado pelas viagens de inúmeros cidadãos de visita às suas terras natais.
Esta é a altura do ano pela qual Wang mais aguarda ou não fosse a única oportunidade que tem para ver a família. Ainda nem o dia nasceu e já está a pé no minúsculo dormitório que partilha com outros seis colegas, nos arredores de Pequim. Wang trabalha há cerca de dois anos na capital chinesa como estafeta. Espera-o quase um dia inteiro de viagem, para atravessar os cerca de 600 quilómetros que o separam da sua terra natal, na região de Shandong, a sul de Pequim.
Visitar a família significa, como acontece com Wang, esperar em filas longas e apanhar vários transportes, começando no riquexó e seguindo para o metro, o comboio, depois o autocarro e por fim o automóvel. Este ano, o Chunyun iniciou-se a 13 de Janeiro e prolonga-se até 21 de Fevereiro.
Wang junta-se a milhões de chineses que atravessam o país e muitos quilómetros para chegar às suas famílias, viajando em meios de transporte praticamente repletos. É a história de vida de muitos chineses que procuram nas grandes cidades as oportunidades e condições que escasseiam nos locais onde nasceram.
Wang percebeu que ganharia mais do dobro se se mudasse para Pequim. Em contrapartida teve de deixar para trás a mulher, os dois filhos pequenos e os pais idosos. “Depois deste tempo todo estou muito feliz por poder voltar e ver a minha família. Assim que souberam que eu ia a casa, os meus filhos passaram a ligar-me todos os dias”. Quando Ruigi, com 6 anos, e Yaqin, com 9, se encontram com o pai reagem com entusiasmo.
Ainda pede desculpa por não ter trazido presentes - o salário chegou um dia antes da viagem e isso deixou-o sem tempo para comprar alguma coisa – mas a família de Wang já está pronta para se reunir à volta da mesa. As saudades vão-se matando com sopa, pãezinhos recheados com porco, frango assado e peixe ao vapor.