Catamarã em "velocidade excessiva" causa 34 feridos no Tejo
Nevoeiro apontado como uma das possíveis causas do acidente cujo balanço de feridos foi entretanto actualizado.
Um catamarã que fazia a ligação entre o Barreiro e Lisboa embateu na manhã desta quarta-feira, cerca das 8h30, no pontão do Terreiro do Paço, provocando 34 feridos ligeiros e não 33 como anteriormente foi avançado. Embarcações deste tipo transportam todos os dias centenas de pessoas entre o Barreiro e Lisboa.
“Os feridos ligeiros não inspiram cuidados de maior”, disse ao PÚBLICO o comandante Pedro Coelho Dias, porta-voz da Autoridade Marítima. “Algumas pessoas foram imobilizadas com talas, por prevenção”, acrescentou José Isabel, capitão do Porto de Lisboa.
No local estão equipas do INEM a fazer a triagem dos feridos ligeiros. Os que necessitarem serão transferidos para três hospitais da região de Lisboa, entre os quais os hospitais de São José e de Santa Maria.
Os maiores ferimentos aconteceram “porque as pessoas se encontravam de pé e não sentadas nos seus lugares, colocando-as numa posição vulnerável, o que provocou a sua projecção”, explicou José Isabel. Uma informação confirmada igualmente por José Bagarrão, administrador da Soflusa, que acrescentou que todos os feridos eram passageiros: "Eram pessoas que na aproximação ao cais já estavam levantadas e no momento do embate foram projectadas.”
Nevoeiro e velocidade excessiva
O catamarã da Soflusa transportava 565 pessoas (incluindo quatro tripulantes) e “terá embatido com extrema força, fora daquilo que é habitual, no momento da atracagem”, afirmou ainda o comandante Pedro Coelho Dias, observando que “são desconhecidas as razões que levaram ao embate”.
José Isabel, no entanto, adianta que a embarcação viria em “velocidade excessiva” e admite que “o nevoeiro é uma das situações que potenciam este tipo de embates”. O acidente poderá assim ter ocorrido devido à “fraca visibilidade, que terá provocado um cálculo errado da distância ao cais”.
“É evidente que a situação de nevoeiro pode ter sido uma das causas a provocar o acidente, embora todos os catamarãs e cacilheiros da Soflusa estejam equipados com radares”, disse, por outro lado, ao PÚBLICO José Bagarrão, administrador da Soflusa.
Numa primeira avaliação, a embarcação não parece estar comprometida, uma vez que “o embate foi a nível das infra-estruturas acima da linha de água”, acrescentou ainda o capitão do Porto de Lisboa. José Isabel adiantou que as ligações entre Barreiro e Lisboa se mantêm em funcionamento normal.
Criada comissão de inquérito
O responsável da empresa disse ainda que o “embate deu-se com alguma violência, a julgar pelos danos no catamarã”. Agora, “vai ser nomeada uma comissão de inquérito que irá apurar as causas e, em função daquilo que for apurado, a Soflusa vai tentar minorar a repetição desse tipo de acidentes”.
Em declarações aos jornalistas, José Bagarrão descreveu a tripulação como "experiente" e acrescentou que já foi feito um teste de alcoolemia, não tendo sido detectada a presença de álcool no sangue.
Num comunicado enviado durante a tarde, a empresa detalhou que o conselho de administração irá concluir o relatório preliminar até ao final da próxima sexta-feira, dia 27.