Cáritas: distribuição de cabazes alimentares deve dar garantia de outras ajudas

O Presidente da Cáritas sublinha que os cabazes devem ser diversificados para facilitar uma dieta alimentar correcta.

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Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas portuguesa, disse estar a favor do modelo Rui Gaudencio/Publico

O presidente da Cáritas Portugal disse esta terça-feira estar a favor da substituição do modelo de cantinas sociais por distribuição de cabazes alimentares, mas defendeu que só deve ser feito se se assegurar outras prestações de serviço como o gás.

O Governo vai substituir o modelo de cantinas sociais pela distribuição de cabazes alimentares aos mais carenciados, recorrendo a fundos comunitários, anunciou a secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim. Em declarações à Lusa, Eugénio Fonseca disse estar a favor do modelo, apesar de não conhecer a globalidade das novas orientações do Governo.

"Estou a favor desta ajuda, é essencial para muitas famílias, mas considero que a distribuição de produtos alimentares deve ser feita desde que se assegure outra prestação de serviços como o pagamento de água, luz, gás. Isto para que as pessoas possam confeccionar as refeições", sublinhou, defendendo que deve haver também diversidade de alimentos para facilitar uma dieta alimentar correcta.

Segundo o Governo, a distribuição de alimentos será feita através do Fundo Europeu de Auxílio às Pessoas Mais Carenciadas (FEAC) e irá beneficiar cerca de 60 mil pessoas. Os beneficiários vão receber cabazes alimentares, que integram na sua composição carne, peixe e legumes congelados, com o objectivo de cobrir as suas necessidades nutricionais diárias em 50%.

"Eu defendo três modelos: a distribuição de géneros alimentares desde que se assegure a diversidade dos alimentos, portanto que não estejam concentrados apenas em alguns produtos alimentares que resultam daquilo que são excedentes em cada ano em termos de produção de bens alimentares na zona da União Europeia", disse. No entender do presidente da Cáritas, os alimentos devem ser diversificados para que se assegure às pessoas a possibilidade de os cozinhar.

"O segundo modelo que defendo tem a ver com a pobreza envergonhada. Devia ser feito o que a Cáritas fez com a ajuda dos portugueses e do grupo Jerónimo Martins que foi distribuir vales universais de compras para que as pessoas possam ir aos sítios onde costumavam ir para poder confeccionar com liberdade as suas refeições", salientou. De acordo com Eugénio Fonseca, esta actuação traz vantagens como o anonimato, que assegura que a tal pobreza envergonhada possa aceder aos bens alimentares sem intermediários.

"Por outro lado, assegura também a ocupação das pessoas que enquanto pensam na organização do dia, na ementa, no ir às compras e confecção das refeições não pensam na situação dolorosa em que se encontram. Podem ser evitadas depressões", disse. Na opinião de Eugénio Fonseca deve ser garantida ajuda a quem vive sozinho, a quem não tem capacidade para confeccionar refeições e ainda que sejam assegurados serviços como a água, luz e gás.