ONU denuncia morte de civis nos raides aéreos em Mossul

Governo iraquiano diz ter recuperado o controlo da parte leste da cidade dividida pelo rio Tigre. Está prestes a ser lançada uma ofensiva na zona ocidental.

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Edifícios destruídos em combates entre os jihadistas e o exército iraquiano em Mosul Ahmed Jadallah/Reuters

Os raides aéreos contra o grupo radical islâmico Daesh em Mossul estão a matar civis, denunciaram esta terça-feira as Nações Unidas, acrescentando porém que não é possível quantificar o número de vítimas no terreno.

"Estamos a receber muitos relatos sobre baixas civis causadas pelos bombardeamentos aéreos", disse a porta-voz da ONU para os direitos humanos, Ravina Shamdasani, numa conferência de imprensa em Genebra.

Shamdasani disse que as informações recebidas pela ONU "parecem credíveis", apesar de a organização ter escassas fontes na zona, que é controlada pelos jihadistas, e por isso um ponto de origem de propaganda.

"É evidente que civis estão a ser mortos pelos raides aéreos", disse no entanto. Num dos casos referidos, a 14 de Janeiro, um bombardeamento tinha como alvo um líder do Daesh na parte ocidental de Mossul. Porém, o ataque destruiu a casa onde se encontrava o extremista e também o edifício adjacente, matando, segundo os relatos, 19 pessoas e ferindo 11.

"Em relação a este [incidente] conseguimos ter uma confirmação bastante razoável. Mas também sabemos que o [Daesh] está a juntar familiares de combatentes em casas e que isso pode justificar em parte o grande número de baixas civis desde ataque", disse. A ONU já tinha denunciado anteriormente que o Daesh está a usar milhares de homens, mulheres e crianças como escudos humanos em Mossul.

As autoridade iraquianas dizem que as forças governamentais já controlam totalmente a parte leste da cidade, que é dividida pelo rio Tigre. Cem dias depois do início da ofensiva das forças de Bagdade apoiadas pelos Estados Unidos para reconquistar a cidade aos jihadistas, para os quais assume valor estratégico, prepara-se agora a ofensiva a ocidente.

Em Genebra, Shamdasani não chegou a defender a suspensão raides aéreos na zona ocidental de Mossul, onde a ONU estima que estejam 750 mil civis, mas disse que os comandantes militares devem fazer tudo para evitar atingir civis. "Tem de ser ponderado se as vantagens dos ataques militares justificam o número de mortos civis que podem provocar", concluiu Shamdasani.

O Daesh, por seu turno, continua a matar civis em Mossul através de ataques bombistas com suicidas e engenhos improvisados e da acção de atiradores furtivos.