Direcção decidirá candidatos do PS a Barcelos e Fafe
Com esta decisão, a direcção nacional deu um sinal ao partido de como reagirá se casos idênticos ocorrerem
A Comissão Política Nacional (CPN) do PS colocou um ponto final no burburinho que exista em relação às recandidaturas dos presidentes das câmaras de Barcelos, Miguel Costa Gomes, e de Fafe, Raúl Cunha, ao avocar na segunda-feira os processos autárquicos das duas concelhias, assegurando que os dois podem ser, novamente, candidatos.
Com esta decisão, que registou sete votos contra no caso de Barcelos e seis relativamente a Fafe, “foi cumprida a orientação aprovada no último congresso nacional do PS, segundo a qual os presidentes de câmaras socialistas em funções, se tiverem em condições políticas para se recandidatarem nas próximas eleições, devem fazê-lo”, disse Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do PS, citada pela Lusa.
Os votos contra a avocação pela CPN partiram sobretudo da corrente minoritária, liderada por Daniel Adrião, que defende primárias para a escolha dos candidatos do PS a presidentes de câmara.
As concelhias pretendiam que os candidatos fossem outros e, no caso de Barcelos, a estrutura local escolheu mesmo o líder da concelhia, Domingos Pereira, para ser candidato à câmara nas eleições deste ano. No PS, há quem garanta que quem esteve por detrás desta estratégia de candidatar Domingos Pereira foi Joaquim Barreto. Quando se candidatou à distrital de Braga, terá pedido ajuda a Domingos Pereira com a contrapartida de que o apoiaria numa candidatura à Câmara de Barcelos. No caso de Fafe, havia movimentações para que o candidato fosse José Ribeiro, que preside à concelhia e que liderou de câmara até 2013.
Domingos Pereira, que é deputado, anunciou em plena reunião da CPN que se demitiria do PS, mas ontem, ao PÚBLICO, já recuou. “Anunciei mas não foi nesses termos”, disse revelando que já convocou os órgãos locais do partido para tomar uma posição.
Numa reacção à decisão do partido, Miguel Costa Gomes lançou ontem, em conferência de imprensa, um apelo aos socialistas para se “juntarem à candidatura do partido” e que “os pensamentos diferentes fiquem para trás”. “É preciso serenar o PS”, proclamou.
Com a avocação destes dois casos, o PS quis deixar um sinal claro ao partido, evitando que situações idênticas ocorram.
Joaquim Barreto pediu a palavra para intervir e não resistiu a provocar o líder da distrital o PS-Porto, Manuel Pizarro. “Braga não é o Porto! Ao que Pizarro respondeu: “Estamos a ver, vamos a ver!”
Num tom sereno, António Costa aproveitou a sessão para deixar um conselho àqueles que não concordam com as escolhas autárquicas: “Braga é um distrito grande, façam campanha eleitoral noutros concelhos”.
Em Junho, o PS inicou uma ronda de contactos pelas distritais para preparar as autárquicas.