Projecto científico monitoriza evolução do lixo marinho até 2019 nos Açores

O Lixaz vai permitir, segundo o coordenador do projecto, perceber se houve aumento ou redução do lixo que dá junto à linha costeira açoriana.

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O novo projecto vai dar continuação ao AZORLIT Renato Cruz Santos

O Instituto do Mar (IMAR), sediado no Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, vai monitorizar até 2019 a evolução do lixo marinho no arquipélago, no âmbito do projecto científico LIXAZ, foi anunciado esta segunda-feira.

"O objectivo deste trabalho é fazer uma base de referência para o futuro, porque não tínhamos dados para poder dizer se está a aumentar ou diminuir [o lixo marinho e os seus impactos nos Açores] ", afirmou à agência Lusa o coordenador da equipa de investigação deste projecto do IMAR, Christopher Pham.

O biólogo francês, que vive na ilha do Faial há dez anos, onde está instalado aquele departamento universitário, explicou que o LIXAZ dá continuidade a outro projecto científico, denominado AZORLIT, que pretendeu, entre outras coisas, perceber a quantidade de lixo marinho (micro e macro plásticos) que chegou à orla costeira dos Açores entre 2015 e 2016, e estudar o seu impacto na ecologia alimentar de espécies marinhas.

Embora os dados recolhidos no AZORLIT ainda estejam a ser trabalhados, Christopher Pham adiantou que foram detectadas em praias de areia e calhau, em várias ilhas dos Açores, "em média 100 partículas de plástico inferiores a dois centímetros, por metro quadrado". "São lixos marinhos que estão no Atlântico norte e que se depositam na orla costeira dos Açores", explicou o investigador, assinalando que "ainda não foi possível perceber o que influencia" a acumulação deste lixo marinho em certas zonas do arquipélago e noutras não.

O coordenador da equipa, que conta com mais três biólogos, referiu que os parques naturais de ilha estão a colaborar na recolha de amostras mensais de lixo marinho, para que se possa efectuar uma monitorização regular. Ao nível dos organismos marinhos, Christopher Pham informou que o ano passado foram analisadas cerca de 30 tartarugas recolhidas, sobretudo nas ilhas do grupo central dos Açores (Graciosa, Faial, Pico, Terceira e São Jorge) e, através de necropsias, detectou-se que 83% tinham plástico no organismo.

Também em 2015, durante a Campanha SOS Cagarro, observou-se que 84% das 149 aves dissecadas tinham ingerido plástico, com média de cinco fragmentos por indivíduo, referiu. A Campanha SOS Cagarro, que decorre nos Açores desde 1995, tem como principal objectivo envolver as populações e entidades no salvamento dos cagarros juvenis encontrados junto às estradas e na sua proximidade, no período que coincide com a saída dos ninhos para o primeiro voo oceânico.

Christopher Pham destacou, contudo, que nem tudo são "más notícias", uma vez que dos 200 de 900 peixes com interesse comercial já analisados até ao momento não foi detectado plástico.