Jerónimo acusa o PSD de querer dar "uma cambalhota" em relação à TSU

O PCP reage às declarações de Pedro Passos Coelho, que deixou um aviso ao Governo: “Não peçam o nosso apoio para isso."

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Jerónimo de Sousa participou numa arruada esta manhã Lusa/Nuno Fox

A esquerda não dá descanso ao PSD. Hoje de manhã, numa arruada em Sacavém, foi Jerónimo de Sousa quem acusou os sociais-democratas de quererem dar uma "cambalhota" em relação à Taxa Social Única (TSU) ao anunciar o voto contra a sua descida. No entanto, o secretário-geral dos comunistas considera que "há males que vêm por bem".

Jerónimo de Sousa voltou a rejeitar que haja colisão com o PS a propósito da questão da redução da TSU, tratando-se apenas de uma "divergência", que não é a primeira vez que acontece desde que os partidos assinaram a posição conjunta em Novembro de 2015, recordando o caso do Banif.

"Parece agora que as coisas se encazinaram por banda do PSD que afirmou que vai também votar contra esse privilégio. É uma posição contraditória, está a desagradar à sua base social de apoio, aos seus mandantes, mas esse é um problema do PSD que continua a querer fazer ajuste de contas com a solução política que foi encontrada. Mas às vezes, como diz o nosso povo, há males que vêm por bem", enfatizou.

Para o secretário-geral do PCP, a posição do PSD "é uma posição estranha, contraditória na medida em que sempre, mas sempre esteve de acordo com a redução da TSU", considerando que o partido liderado por Passos Coelho quer "fazer agora uma cambalhota". Jerónimo de Sousa desafiou os sociais-democratas: "pois que o PSD também vote contra essa redução que, com certeza, beneficiará os trabalhadores e a nossa economia".

Na opinião dos comunistas, "devem ser as empresas a assumir esse compromisso", considerando que a oposição comunista a esta redução da TSU "está em coerência com o que sempre afirmou o PCP".

Ontem à noite, Pedro Passos Coelho reafirmou a posição do PSD sobre o assunto, avisando António Costa de que o Governo não contará com o apoio do partido para fazer passar a TSU, quando o Parlamento for chamado a votar qualquer apreciação parlamentar a pedido do PCP, do PEV e do Bloco de Esquerda. “Não peçam o nosso apoio para isso. Se dentro da maioria não se entendem para resolver este problema e forem os próprios partidos da maioria a levar a questão à Assembleia da República, o nosso voto não têm. Isso que fique claro”, afirmou o presidente do PSD.

Passos Coelho considerou que são os partidos da maioria que devem “agora resolver a questão”, mas pediu para “explicarem ao país quer as perversidades [da medida] quer o custo de andar a dizer que o salário mínimo deve ser pequeno”.

"O Governo mais uma vez, nesse processo de negociação na concertação social, cedeu claramente aos interesses e aos privilégios dos patrões baixando a TSU, ou seja, pondo de certa forma o Estado a pagar o aumento do salário mínimo nacional, e nós estamos em desacordo", explicou.

TSU e Novo Banco

Questionado pelos jornalistas sobre se esta questão da TSU, aliada à solução para o Novo Banco, não punha em causa o acordo parlamentar com o PS para apoiar o Governo, Jerónimo de Sousa explicou que aquilo que compromete os comunistas com os socialistas "é a posição conjunta" e que ficou "claro que cada partido mantém independência e autonomia para decidir de acordo com as situações em concreto".

"Não há aqui nenhuma dramatização, há uma divergência que pode resultar, designadamente na TSU na eliminação do princípio da redução", enfatizou.

Já na sexta-feira, o secretário-geral do PCP tinha reafirmado a coerência do seu partido contra a baixa da TSU e as "muitas diferenças" face ao PS, após encontro com dirigentes socialistas em Lisboa.

Também o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, advertiu na sexta-feira o PS para não contar com o seu voto caso os partidos que completam a maioria de esquerda peçam a apreciação parlamentar deste diploma.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, apontou hoje a mudança de posição do PSD relativamente à descida da TSU, reiterando que o seu partido mantém a contestação à medida.

O acordo obtido pelo Governo socialista e parceiros em dezembro na concertação social, à exceção da CGTP, prevê uma subida do Salário Mínimo Nacional para 557 euros e a descida da Taxa Social Única em 1,25 pontos percentuais.