Os nomes mais controversos na Administração Trump
Betsy DeVos, Educação
Betsy DeVos é conhecida há décadas no Michigan por ser uma multi-milionária que tudo o que fez na vida foi financiar os lobbies contra a escola pública. Além de não ter experiência governativa, defende a educação privada ou os cheques-educação, emitidos pelo Estado para que as famílias possam pôr os filhos em escolas paroquiais ou privadas. No seu estado, a experiência não tem produzido bons resultados - o Michigan, que tem piorado nos testes de matemática e leitura nos últimos 20 anos, é um dos estados americanos em que mais alunos frequentam escolas privadas com cheques-educação. Um relatório federal de 2015 concluiu que “um número excessivamente alto” destas escolas estava na lista das piores ao nível estadual, diz o New York Times. Donal Trump prometeu 20 mil milhões de dólares para os cheques-educação e encarregou DeVos de pôr essa política em prática. Será duramente questionada pelos democratas na sua audiência, esta quarta-feira.
Tom Price, Saúde
O Tom Price, a escolha de Donald Trump para o Departamento de Saúde, é um determinado opositor do Obamacare, o sistema de saúde desenvolvido pela Administração Obama. Defende cortes radicais no Medicare e no Medicaid, os planos de assistência aos americanos mais idosos e mais pobres - defende, aliás, grandes cortes na despesa federal, mas é acusado de ter feito chegar muito dinheiro federal aos cofres dos seus principais financiadores de campanahs, diz a abc. O Wall Street Journal diz que negociou mais de 300 mil dólares em acções de empresas de saúde quando trabalhava em legislação sobre o sector - os democratas querem que a comissão de ética diga se houve ou não violação da lei. Cirurgião ortopédico nos subúrbios ricos do Norte de Atlanta, Price foi um dos primeiros congressistas a redigir uma proposta para substituir o Obamacare, em mercado livre, com menor protecção para os consumidores e maior liberdade para os médicos, diz o New York Times.
Rex Tillerson, Secretário de Estado
Rex Tillerson não tem experiência de governo – vem directamente da direcção da Exxon, uma das maiores petrolíferas do mundo, com explorações em todos os continentes. Além disso, tem acções em empresas russas e chinesas, diz a NBC News – algo que parece incompatível com o cargo de chefe da diplomacia americana. Manifestou-se também contra as sanções dos EUA à Rússia devido à anexação da Crimeia – e tem laços com Vladimir Putin, que estabeleceu ao fazer negócios em nome da Exxon na Rússia. No Partido Republciano, a sua nomeação incomoda os influentes senadores Lindsey Graham e John McCain. "Sinto-me na obrigação de dizer não quando é preciso", disse Graham, abrindo a possibilidade de votar contra Tillerson.
Jeff Sessions, Justiça
O tema que mais motiva o senador Jeff Sessions do Alabama é a imigração, que considera que rouba empregos aos americanos. Foi isso que mais o aproximou de Donald Trump, que o convidou a ocupar a pasta da Justiça, e é também um dos motivos pelos quais é acusado de posições xenófobas e racistas. Mas estas acusações vêm de longe, dos seus tempos como juiz e procurador-geral no Alabama. Num julgamento, tratou um advogado negro por "boy" - a forma como os brancos se dirigiam aos negros durante a segregação. Em 1986, os senadores estaduais democratas e republicanos recusaram a sua nomeação para juiz federal, por considerarem que não se empenhava o suficiente na defesa dos direitos civis, em especial devido a um processo contra um activista do voto dos negros. É um defensor das longas penas de prisão como forma de baixar as taxas de criminalidade.
Wilbur Ross, Comércio
Wilbur Ross, a escolha de Trump para o Departamento do Comércio, é um milionário que fez carreira a comprar empresas falidas, ou a apostar em sectores em dificuldades – na crise do sistema bancário irlandês, em Chipre ou na dívida grega. Tem tido sucesso: hoje é vice-presidente do Banco de Chipre, o maior deste país da UE. Mas isso torna-o sócio de Viktor Vekselberg, um empresário russo com ligações ao Kremlin. Apesar de ser um ferrenho proteccionista, tem negócios na Rússia e na China. Este empresário que vale 2500 milhões de dólares, segundo a Forbes, fez fortuna com siderurgias, e segundo a Pro Publica, será chamado a tomar decisões sobre o sector, criando rapidamente incompatibilidades.