Audiências de confirmação da equipa de Trump começam no Senado

Processo vai mostrar que relação existirá entre o Presidente eleito e os republicanos no Capitólio.

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Rex Tillerson, nomeado para secretário de Estado, será ouvido no Senado na quarta-feira Reuters

As audiências no Senado para confirmar os nomeados pelo Presidente eleito Donald Trump para cargos importantes da Administração – de secretário de Estado a ministro da Justiça –, que começam esta terça-feira, deverão ser um teste para a sua capacidade de trabalhar com os republicanos no Congresso e fazer avançar os seus planos.

O desafio para Trump é assegurar que os 52 republicanos entre os cem membros do Senado se mantém em conjunto para confirmar as suas escolhas para o Governo e permitam assim uma transferência de poder tranquila para quando Trump tomar posse a 20 de Janeiro.

Esta semana deverão ter lugar um total de sete audiências de confirmação, começando na terça-feira com o senador Jeff Sessions para attorney-general (ministro da Justiça) e uma sessão para o general na reforma John Kelly, a escolha de Trump para secretário da Segurança Interna.  

Ambos dão aos democratas oportunidade para levantar questões sobre as propostas de Trump para a imigração, como a sua promessa de construir um muro junto da fronteira dos EUA com o México e uma promessa de suspender a imigração de pessoas vindas de regiões que sejam consideradas como exportadoras de terrorismo.

As sessões deverão mostrar quão bem Trump, que ocupará pela primeira vez um cargo eleito, e a sua equipa estão a conseguir ter o acordo dos republicanos quando preparam uma agenda legislativa alargada que inclui refazer a reforma emblemática da saúde de Obama, assim como a sua reforma fiscal.

“Penso que vamos ver os republicanos no Senado apoiar em maioria os nomeados por Trump e que isso vá dar o mote a uma relação produtiva”, disse o estratega republicano Ryan Williams.

“Isso vai alimentar a boa vontade e a colaboração que irá permitir À administração trabalhar com os republicanos porque invariavelmente haverá diferenças e essas vão ter de ser resolvidas a dada altura”, afirmou.

Cinco outros nomeados têm audiências na quarta-feira, o mesmo dia em que Trump dará em Nova Iorque a sua primeira conferência de imprensa depois de ter sido eleito.

Estes cinco incluem Rex Tillerson, nomeado para secretário de Estado, Betsy DeVos, para secretária da Educação, Mike Pompeo, para a direcção da CIA, Wilbur Ross, para o Comércio, e Andrew Puzder, para o Trabalho.

O porta-voz de Trump Sean Spicer disse acreditar que todos serão confirmados. “Temos um grupo incrível de nomeados”, disse. “Acho que cada um deles vai ser confirmado não só com votos republicanos mas também democratas.”

Sessões de ensaio

Para os preparar para as perguntas difíceis, a equipa de Trump fez ensaios das audiências numa sala nos exto piso de um edifício governamental em Washington que está a ser usado para a transição.  

As sessões têm coberto o tipo de perguntas que os nomeados podem esperar incluindo questões sobre o quotidiano, como o preço da gasolina.

Cada sessão tem incluído pelo menos um manifestante a interromper os procedimentos, disse um responsável da equipa de transição.

Os nomeados têm tido mais de 300 reuniões no Senado e encontraram-se com 87 dos 100 membros do Senado, incluindo 37 democratas. Passaram mais de 70 horas a participar nos ensaios das audiências.

Do lado democrata, têm sido expressas preocupações de que vários dos nomeados não completaram ainda os processos de avaliação de ética pedidos pelo Gabinete de Ética Governamental, mas não havia sinais de que isto pudesse levar a demoras.

Responsáveis da transição acreditam que alguns senadores democratas que enfrentam uma corrida especialmente disputada para as eleições de 2018 em estados que Trump venceu, como a senadora Claire McCaskill do Missouri, possam estar mais dispostos a dar aos nomeados de Trump o benefício da dúvida.

A audiência de Tillerson para secretário de Estado poderá ser uma das mais contenciosas já que Trump quer uma aproximação da Rússia apesar do caso da intervenção russa nas eleições, que incluiu hacking de emails, opara favorecer Trump.

Alguns republicanos como o senador John McCain do Arizona e Lindsey Graham da Carolina do Sul têm expressado preocupação pelas ligações de Tillerson à Rússia durante o tempo em que presidiu à petrolífera Exxon Mobil.

O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, disse ao programa Face the Nation da CBS que não estava surpreendido com a tentativa de Trump recomeçar a relação com Moscovo.

“Lembro-me de George W. Bush ter tido a mesma esperança. A minha suspeita é que estas esperanças vão ser esmagadas muito brevemente”, disse.

Ainda assim, os responsáveis da equipa de transição dizem-se confiantes de que Tillerson ainda consiga ganhar o apoio de McCain e Graham para que a transição decorra sem problemas.